O governo da França confirmou nesta quinta-feira (10) que o navio Ocean Viking, impedido de atracar na Itália com 234 migrantes a bordo, poderá ancorar na cidade de Toulon, no sul do país.
Segundo o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, a expectativa é de que a embarcação da ONG SOS Méditerranée chegue ao porto nesta sexta (11).
O Ocean Viking resgatou 234 pessoas na costa da Líbia, no Mediterrâneo Central, no fim de outubro, e aguardava a designação de um porto seguro para atracar havia mais de duas semanas. Quatro passageiros já foram evacuados emergencialmente para a França nesta quinta.
A embarcação chegou a entrar em águas territoriais italianas, mas o governo da premiê Giorgia Meloni, de extrema direita, não autorizou o desembarque. Após dias de impasse, a tripulação decidiu zarpar em direção à França, iniciando uma viagem de centenas de quilômetros apesar do estado de fragilidade dos migrantes.
Em seu pronunciamento nesta quinta, Darmanin chamou a postura da Itália de "incompreensível" e disse que o Ocean Viking poderá atracar em Toulon de forma "excepcional".
Além disso, em retaliação, o ministro do Interior anunciou a suspensão do acolhimento de 3,5 mil refugiados presentes atualmente na Itália. "A França lamenta muito profundamente que a Itália tenha feito a escolha de não se considerar como um Estado europeu responsável", declarou Darmanin.
O ministro ainda convidou todos os Estados-membros da União Europeia a suspender o mecanismo de realocação dos solicitantes de refúgio que chegam diariamente em solo italiano. "Está claro que isso provocará consequências graves para nossas relações bilaterais", afirmou.
Normas internacionais de navegação determinam que pessoas resgatadas em alto mar sejam levadas ao porto seguro mais próximo, papel que, no caso de migrantes socorridos no Mediterrâneo Central, caberia à Itália ou a Malta.
De acordo com o Ministério do Interior italiano, o país já recebeu 89,2 mil migrantes forçados via Mediterrâneo em 2022, crescimento de 56% sobre o mesmo período do ano passado.
A maior parte dessas pessoas, no entanto, costuma seguir viagem rumo a países ao norte, como a Alemanha e a própria França, que até agosto contabilizavam 238,7 mil e 134,4 mil solicitantes de refúgio, respectivamente, de acordo com o gabinete de estatísticas da UE, contra 61,8 mil da Itália. (ANSA)
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