O governo da Rússia criticou nesta segunda-feira (28) o papa Francisco por ter acusado combatentes chechenos de "crueldade" na guerra na Ucrânia.
Segundo Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Moscou, as palavras do pontífice "não são mais russofobia, mas sim uma perversão da verdade".
Zakharova se referia a uma entrevista dada por Jorge Bergoglio à revista jesuíta "America", na qual ele foi questionado por que não costuma condenar a Rússia explicitamente ao falar sobre a invasão à Ucrânia.
"Quando eu falo da Ucrânia, falo de um povo martirizado. Se há um povo martirizado, há alguém que o martiriza. Quando eu falo sobre a Ucrânia, eu falo sobre crueldade porque tenho muitas informações sobre a crueldade das tropas invasoras", disse Francisco.
"Geralmente, as mais cruéis talvez sejam aquelas da Rússia, mas sem tradição russa, como as chechenas, as buriates, e assim por diante. Com certeza, quem invade é o Estado russo, isso está muito claro", acrescentou.
Ramzan Kadyrov, líder da República Autônoma da Chechênia, é uma das vozes mais radicais em defesa da invasão à Ucrânia. Suas tropas são acusados de violar direitos humanos e praticar atos de tortura em áreas de conflito.
Já Alexey Tsydenov, governador da Buriácia, onde se concentram os buriates, povo indígena da Sibéria, também se pronunciou sobre as palavras de Francisco.
"Ouvir o líder da Igreja Católica falar da crueldade de nacionalidades específicas, ou seja, os buriates e chechenos, é um pouco estranho", disse ele, acrescentando que seus soldados "cumprem seu dever com honra e são um exemplo das melhores tradições do Exército russo". (ANSA)
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