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'Dor de vocês é minha também', diz Papa em carta aos ucranianos

'Dor de vocês é minha também', diz Papa em carta aos ucranianos

Líder católico voltou a chamar conflito de 'loucura absurda'

CIDADE DO VATICANO, 25 novembro 2022, 13:10

Redação ANSA

ANSACheck

Papa disse pensar no povo ucraniano todos os dias - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

O papa Francisco enviou uma carta ao povo ucraniano nesta quinta-feira (25) em que afirma que a "dor de vocês" com a "loucura absurda da guerra" também "é minha". O documento foi enviado por conta dos nove meses de início da invasão russa, ocorrida em 24 de fevereiro.

"No céu de vocês, retumbam sem descanso o barulho sinistro das explosões e o som inquietante das sirenes. As suas cidades estão sendo marteladas por bombas enquanto chuvas de mísseis provocam mortes, destruição e dor, fome, sede e frio. Nas suas estradas, muitos precisaram fugir, deixando casas e entes queridos. Ao lado dos seus longos rios escorrem, a cada dia, há rios de sangue e de lágrimas", inicia o texto.

Dizendo que está se unindo aos ucranianos, o pontífice afirma que "não há um dia em que não estou próximo de vocês" e comparou que "na cruz de Jesus, hoje, nós vemos vocês".

"Sim, a cruz que torturou o Senhor revive nas torturas encontradas nos cadáveres, nas valas comuns encontradas em várias cidades, naquelas e em tantas outras imagens sangrentas que entraram nas nossas almas, que nos levam a um grito: por que? Como podem os homens tratar assim outros homens?", questionou.

Em outra parte da carta, o líder católico também cita algo que é recorrente em suas orações e mensagens públicas: a lembrança do sofrimento das mulheres que perderam os filhos ainda crianças no conflito e ressaltou que "a dor das mães ucranianas é incalculável".

Ao longo do documento, Francisco ainda lembra das atitudes dos jovens e dos homens que precisam pegar em armas "mesmo que não sonhavam com isso" e também dos voluntários que ajudam incessantemente os mais necessitados.

"Penso nas autoridades, pelas quais rezo: sobre elas incumbe o dever de governar o país em um tempo trágico e de tomar decisões de longo prazo pela paz e para desenvolver a economia durante a destruição de tantas infraestruturas, em cidades como no campo", pontuou.

Citando novamente o Holodomor, o período de fome intensa que matou milhões de ucranianos na década de 1930 ainda quando o país era parte da União Soviética, o Papa afirmou que o mundo vê, desde lá, um "povo que sofre e reza, chora e luta, resiste e espera, um povo nobre e mártir".

"Dentro de poucas semanas será o Natal e o grito do sofrimento será ouvido ainda mais. Mas, quero retornar com vocês para Belém, na prova que a Sagrada Família teve que enfrentar naquela noite, que parecia fria e escura. Mas, a luz chegou: não dos homens, mas de Deus; não da terra, mas do Céu. A mãe, sua e nossa, Nossa Senhora, olhe para vocês. [...] Eu estou com vocês, rezo por vocês e peço para que vocês rezem por mim", finaliza.

O papa Francisco constantemente pede o fim da guerra na Ucrânia e já se ofereceu, inclusive, para mediar negociações de paz entre Kiev e Moscou. O líder católico também pretende visitar o território ucraniano.
   

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