Das montanhas arco-íris ao 'Trem para as Nuvens', o norte da Argentina é um tesouro escondido. Mas não por muito tempo.
"Já é o destino nacional mais procurado e com enorme potencial de crescimento", anunciou o ministro do Turismo, Matías Lammens, na feira internacional do setor FIT, em Buenos Aires.
O foco do governo agora está no desenvolvimento dos serviços de hospitalidade nas províncias setentrionais de Salta, Jujuy, Catamarca, Tucumã, Santiago del Estero e La Rioja.
Para isso, o poder Executivo implementou programas de financiamento para infraestruturas e para a criação das chamadas "Rutas Naturales" (Rotas Naturais), roteiros turísticos que exploram as majestosas paisagens dos vales e planaltos das seis províncias do norte e que convidam também à descoberta dos sabores de uma gastronomia que se alimenta de tradições ancestrais.
A promoção desses destinos é acompanhada pelo fortalecimento das ligações aéreas internas entre Buenos Aires e as capitais provinciais, através da companhia de bandeira Aerolíneas Argentinas e das empresas de baixo custo Fly Bondi e Jet Smart.
Itinerários que não podem ignorar Salta, "a bela". A maior cidade do norte do país, com seu centro histórico em estilo colonial, possui todas as características de uma joia. Da Basílica ao Panteão das Glórias do Norte, local onde descansam personalidades históricas, a cidade esconde recantos imperdíveis, até o topo da colina de San Bernardo.
Mas uma visita a Salta não pode ficar completa sem provar seus sabores típicos, como empanadas picantes, tamales (pãezinhos recheados e preparados à base de milho), humita (sopa de milho), locro (sopa de carne e legumes), carne de lhama ou queijo com chuchu. Pratos muitas vezes cozidos em fornos de argila para intensificar o sabor, com receitas que remontam em grande parte à época colonial.
Salta, 1,2 mil metros acima do nível do mar, perto dos planaltos andinos, é também o ponto de partida para explorar a região, que em San Antonio de los Cobres reserva a experiência única do "Trem para as Nuvens". Uma linha ferroviária de 200 km construída há mais de 60 anos para levar alimentos e materiais às minas do deserto do Atacama, no Chile, e que atravessa as paisagens mais mágicas da região. Em seu ponto mais alto, ela atinge 4,2 mil metros acima do nível do mar, no viaduto La Polvorilla, uma ponte metálica suspensa no céu.
Mas as emoções continuam com a Hornocal, a montanha das Sete Cores, na Quebrada de Purmamarca. Um cenário digno das pinturas de Salvador Dalí devido à intensa gama cromática gerada pela história geológica e pela riqueza dos minerais e que assistiu à sedimentação sequencial de depósitos marinhos e fluviais, formando até 11 camadas, em tons que mudam de acordo com a luz. A viagem recomeça com a paisagem lunar de Salinas Grandes, o terceiro maior deserto de sal do planeta, para experimentar o encanto de caminhar sobre uma superfície cristalizada enquanto se perde no silêncio.
Outra parada obrigatória, a cerca de 20 km de distância, é o sítio arqueológico pré-incaico de Tilcara, uma fortaleza que domina a cidade de cima. O destino fica na província de Jujuy, a última do norte da Argentina, na fronteira com a Bolívia e o Chile, onde as estradas ligam Purmamarca a San Pedro de Atacama.
Aqui o chef Walter Leal, um dos fundadores do movimento Cucina Andina, reúne seu laboratório de pesquisa em Maimará para documentar a variedade da oferta gastronômica. Os pratos típicos incluem calapurca (sopa com pimenta moída e caldo de carne), sopa majada (com carne desidratada) e tistincha (ensopado de cordeiro ou lhama). E também não faltam vinhos nativos, sendo a Quebrada de Humahuaca pioneira em vinhedos de grande altitude. (ANSA)
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