O embaixador da Rússia no Vaticano, Aleksandr Avdeyev, expressou "indignação" pelas declarações do papa Francisco sobre a "crueldade" de combatentes chechenos e buriates na guerra na Ucrânia.
"Expressei indignação por tais insinuações e sublinhei que nada pode enfraquecer a coesão e a unidade do povo multinacional russo", afirmou o diplomata, segundo a agência russa Ria Novosti.
O protesto se deu por conta de uma entrevista dada por Jorge Bergoglio à revista jesuíta "America", na qual ele foi questionado por que não costuma condenar a Rússia explicitamente ao falar sobre a invasão à Ucrânia.
"Quando eu falo da Ucrânia, falo de um povo martirizado. Se há um povo martirizado, há alguém que o martiriza. Quando eu falo sobre a Ucrânia, eu falo sobre crueldade porque tenho muitas informações sobre a crueldade das tropas invasoras", disse o Papa.
"Geralmente, as mais cruéis talvez sejam aquelas da Rússia, mas sem tradição russa, como as chechenas, as buriates, e assim por diante. Com certeza, quem invade é o Estado russo, isso está muito claro", acrescentou.
Enquanto os russos são um grupo étnico eslavo, os chechenos formam um povo de origem caucasiana e com língua própria, concentrado sobretudo na República da Chechênia, que é liderada por Ramzan Kadyrov, um dos mais radicais apoiadores de Vladimir Putin.
Já os buriates são um povo indígena da Sibéria e habitam principalmente a República da Buriácia, também integrante da Federação Russa.
Na mesma entrevista em que criticou a crueldade na invasão à Ucrânia, o Papa disse estar disponível para servir de mediador entre Moscou e Kiev e reiterou que gostaria de visitar as duas capitais para negociar a paz. (ANSA)
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