Associações agroalimentares da Itália criticaram neste sábado (7) o acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, anunciado entre os dois blocos após 25 anos de negociação.
Para a Confederação Nacional dos Cultivadores Diretos (Coldiretti) e Filiera Agricola Italiana (Fagri), o tratado assinado é "o pior dos acordos possíveis para a cadeia agroalimentar europeia, pois abre as portas para produtos com padrões de segurança e qualidade inferiores aos nossos".
Os representantes italiano enfatizam ainda que o documento pede que "não se mortifique a nossa agricultura subsidiando os produtores sul-americanos e coloca em risco os nossos consumidores". "Aos danos se acrescentam a injúria com o anúncio de um fundo europeu de 1,8 bilhão para facilitar a transição verde e digital dos países do Mercosul", lamentaram em nota.
Segundo a Coldiretti e Filiera Italia, de fato, é "uma verdadeira ferramenta para desmantelar a agricultura europeia - também em comparação com os 85 bilhões perdidos pelos agricultores europeus nos últimos anos devido à inflação não compensada - que gostaria de levar os agricultores e criadores europeus a encerrarem os seus negócios porque não podem competir com os baixos padrões do Mercosul".
A nota destaca ainda que "a cadeia agroalimentar italiana que Coldiretti e Filiera Italia representam nunca aceitará fundos para o desmantelamento de empresas europeias, mas utilizará todos os instrumentos para obter, por um lado, a introdução de uma verdadeira reciprocidade no acordo e, por outro, o aumento imediato e certo dos fundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para garantir a soberania alimentar europeia que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que pretende colocar na base do seu segundo mandato.
Para isso, deve começar imediatamente a integração dos recursos do PAC como compensação do efeito "inflação" que, na ausência de medidas corretivas, reduziria em mais de 160 bilhões os fundos 2028/2034 para os agricultores, concluíram.
O setor tem protestado contra o acordo com o Mercosul devido à preocupação com a chegada ao mercado europeu de produtos de baixo custo, como a carne, que não respeitam as mesmas normas ambientais e proteções sociais da UE.
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