(ANSA) - Os protestos de sérvios contra a posse de quatro prefeitos de etnia albanesa no Kosovo viraram mais um palco de embate entre os países ocidentais, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a Rússia.
Apesar da situação estar mais calma nesta terça-feira (30), com maiores manifestações em Zvecan e Leposavic e nenhum ato em Zubin Potok e North Mitrovica, o clima político segue em alta tensão.
A Otan informou que aumentou a quantidade de militares da força Kfor, que faz a segurança no Kosovo. Entre o fim de semana e esta segunda-feira (29), foram 41 os agentes feridos durante os conflitos.
"Para evitar confrontos entre as partes e reduzir ao mínimo o risco de escalada, as forças de paz da Kfor impediram ameaças à vida dos sérvios no Kosovo e dos albaneses do Kosovo. Ambas as partes devem assumir a plena responsabilidade pelo que aconteceu e prevenir novas escaladas, ao invés de se esconder atrás de falsas narrativas", disse o comandante da missão, general de divisão Angelo Michele Ristuccia, sobre a retórica de Belgrado e da Rússia de que foram os militares que atacaram os civis.
Mesmo tom foi adotado pelo alto representante para Política Externa da União Europeia, Josep Borrell, condenando a violência "inaceitável", especialmente em Zvecan, onde os soldados foram feridos, e cobrando que "as autoridades do Kosovo e os manifestantes reduzam a tensão imediatamente e sem condições".
"Esperamos que as partes ajam de maneira responsável e encontrem imediatamente uma solução política por meio do diálogo", acrescentou.
Por sua vez, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que a missão Kfor "atuou de maneira não profissional" e provocou uma "violência não necessária e uma escalada".
Zakharova ainda disse que o Ocidente "deve acabar com a falsa propaganda" sobre o Kosovo e parar de "imputar os incidentes contra o sérvios desesperados que pacificamente, e sem armas em mãos, buscam defender seus interesses legítimos e a liberdade".
Os protestos dos últimos dias ocorreram porque os sérvios que vivem na região norte do Kosovo boicotaram as eleições em diversas cidades em abril e não aceitam a eleição dos prefeitos de etnia albanesa. Apesar de cerca de 20 anos que a área declarou independência da Sérvia, eles não aceitam o governo de Pristina e querem servir apenas a Belgrado.
Itália
Quem voltou a se manifestar nesta terça-feira foi o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, já que entre os 41 militares feridos, haviam 14 italianos.
"Nessa manhã, conversei com o general [Francesco] Figliuolo e com o embaixador da Itália em Pristina e eles estavam na enfermaria do contingente italiano onde foram atendidos os feridos mais leves. Um [militar] está no hospital de Skopje, na Macedônia do Norte, e outro em um hospital de Pristina", relatou.
Segundo o chanceler, os que tiveram lesões mais leves já foram liberados para retornar ao serviço.
Questionado por jornalistas sobre as ações políticas, Tajani reforçou que conversou por telefone na noite desta segunda-feira com o presidente sérvio, Aleksandr Vucic, e com o premiê kosovar, Albin Kurti, "e convidei todos para terem calma e abandonarem a violência".
"Espero que tenham me escutado. Ambos me disseram estar bastante disponíveis par isso", acrescentou.
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