(ANSA) - Os protestos feitos por sérvios contra a eleição de quatro prefeitos de etnia albanesa no norte do Kosovo deixaram ao menos 41 militares das forças de paz da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Kfor) desde a noite deste domingo (28).
Do total, 14 são italianos, sendo que três deles tiveram lesões graves.
Há dias, em ato que continuou a ocorrer nesta segunda-feira (29), a Kfor vem reforçando a segurança nas sedes das prefeituras de Zvecan, que tem a situação de maior tensão, Leposavic, Zubin Potok e North Mitrovica.
Apesar de mais de 20 anos da declaração da independência, muitos moradores sérvios da região do norte do Kosovo não aceitam a separação de Belgrado. Por isso, boicotaram as eleições de 23 de abril e agora protestam contra a posse dos eleitos - todos de etnia albanesa, assim como as forças policiais locais.
O comandante da Kfor, general de divisão Angelo Michele Ristuccia, informou que está em estreito contato com os seus principais interlocutores, incluindo os representantes das instituições e das organizações de segurança do Kosovo, o Estado-Maior das Forças Armadas da Sérvia, além de outras missões da comunidade internacional no país.
Ainda pediu que Belgrado e Pristina se comprometam com o diálogo intermediado pela União Europeia para reduzir as tensões, o caminho para a paz e a normalização.
"Quero exprimir solidariedade aos militares da missão Kfor que ficaram feridos no Kosovo durante as manifestações dos sérvios contra a polícia kosovar. Entre eles, 11 militares italianos, dos quais três em condições sérias, mas não em perigo. Os militares italianos continuam compromissados com a paz", disse o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani.
Horas depois, o chanceler informou que conversou com o presidente da Sérvia, Aleksandr Vucic, e com o premiê kosovar, Albin Kurti, para pedir “que toda violência e provocação devem cessar imediatamente”
O titular italiano da pasta da Defesa, Guido Crosetto, também se manifestou e desejou "rápida recuperação para os militares Otan-Kfor italianos, húngaros e moldavos feridos nos confrontos no Kosovo".
Também nesta segunda-feira, o embaixador norte-americano no Kosovo, Jeff Hovenier, chamou os quatro prefeitos alvos de ataques para uma reunião em Pristina enquanto os países que formam a missão Quint (EUA, França, Alemanha, Reino Unido e Itália) convidaram, mais uma vez, o governo kosovar a ter prudência e a não tomar decisões unilaterais que possam causar ainda mais tensões.
Meloni se manifesta
A premiê da Itália, Giorgia Meloni, condenou os protestos dos sérvios contra a eleição de prefeitos de etnia albanesa no Kosovo.
“Exprimo a mais firme condenação ao ataque que causou danos à missão Kfor que envolveu também militares de outras nações. O que está acontecendo é absolutamente inaceitável e irresponsável. É fundamental evitar novas ações unilaterais por parte das autoridades kosovares e que todas as partes deem imediatamente um passo para trás contribuindo com o afastamento da tensão”, disse acrescentando que o compromisso italiano com os Bálcãs ocidentais “segue no máximo”.
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