A força interina das Nações Unidas (Unifil) no Líbano afirmou que as invasões terrestres iniciadas por Israel na madrugada desta terça-feira (1º) violam a integridade territorial e a soberania do país.
A declaração chega em meio às "incursões miradas" das Forças de Defesa de Israelenses (IDF) para combater o grupo xiita Hezbollah na fronteira entre os dois países, desdobramento que aumenta o risco de uma guerra generalizada no Oriente Médio.
"Qualquer atravessamento no Líbano é uma violação da soberania e da integridade territorial libanesa e uma violação da resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas", diz um comunicado da Unifil, fazendo referência a um texto aprovado em agosto de 2006 e que estabeleceu um cessar-fogo entre Israel e Hezbollah.
Em declaração à ANSA, o porta-voz da Unifil, Andrea Tenenti, explicou que militares israelenses conduziram "incursões limitadas" nos arredores da "Linha Azul", que demarca a fronteira entre os dois países, e depois se retiraram.
Segundo Tenenti, a missão da ONU também não pretende abandonar suas posições no sul do Líbano.
O porta-voz das IDF, Daniel Hagari, publicou um vídeo em inglês para explicar que o objetivo da guerra contra o Hezbollah é impedir que um "7 de outubro aconteça novamente" em território israelense, em referência aos atentados do Hamas que deixaram 1,2 mil mortos no ano passado e deflagraram o conflito atual na Faixa de Gaza.
"Quero esclarecer que nossa guerra é contra o Hezbollah, e não contra o povo do Líbano. Não queremos prejudicar os civis libaneses e estamos tomando medidas para impedir isso", afirmou o militar. Desde o início da ofensiva, há pouco mais de 10 dias, centenas de libaneses morreram em ataques israelenses, incluindo dezenas de mulheres e menores de idade - entre eles, dois adolescentes brasileiros.
Segundo Hagari, as incursões terrestres miram "fortalezas do Hezbollah que ameaçam as cidades e comunidades israelenses ao longo da fronteira". As IDF também ordenaram a evacuação de mais de 20 localidades no sul do Líbano, enquanto fontes do Exército informaram à imprensa internacional que não está nos planos ocupar a região.
Enquanto isso, Israel obteve o apoio dos Estados Unidos para a ofensiva. "As operações limitadas para destruir a infraestrutura do Hezbollah que poderia ser utilizada para ameaçar cidadãos israelenses estão em linha com o direito de Israel de defender os próprios cidadãos", disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Por outro lado, o organismo alertou que a saída "diplomática é o único modo para obter estabilidade e segurança duradouros na fronteira entre Israel e Líbano".
Em resposta à ofensiva, o Hezbollah disparou dezenas de foguetes e tiros de artilharia em direção a Israel, mas não há notícias sobre vítimas. Já os houthis, que comandam a maior parte do Iêmen, lançaram drones contra Tel Aviv e Eilat, mas os dispositivos foram interceptados.
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