As Forças de Defesa de Israel (IDF) pediram nesta segunda-feira (6) a evacuação dos bairros do leste de Rafah, cidade do sul da Faixa de Gaza que abriga mais de 1,2 milhão de pessoas - incluindo 600 mil crianças - e se tornou refúgio de palestinos de outras regiões do enclave.
A medida indica a iminência de uma incursão terrestre em Rafah, apesar dos apelos da comunidade internacional e de agências humanitárias contra a operação.
O exército israelense quer que a população se desloque para uma "zona humanitária ampliada" entre Al Mawasi e Khan Younis, também no sul de Gaza, e lançou folhetos em árabe para instruir os palestinos.
"Iniciamos uma operação de escala limitada para a evacuação temporária das pessoas que vivem no leste de Rafah", disse um porta-voz militar, acrescentando que a medida deve englobar cerca de 100 mil indivíduos.
O Crescente Vermelho, no entanto, afirma que a zona de evacuação abriga atualmente 250 mil pessoas, muitas delas refugiadas de outras partes de Gaza.
Poucas horas depois do aviso de evacuação, Israel bombardeou dois bairros de Rafah. "Há grandes explosões e sons terríveis de artilharia aérea e bombardeios. Crianças e mulheres estão assustadas e não sabem para onde ir", disse Yaqub al-Sheikh Salama, residente da cidade, à agência AFP.
A emissora estatal egípcia Al Qahera exibiu ao vivo imagens de ataques aéreos israelenses na parte oriental do município palestino e de civis sendo retirados pelas tropas do país judeu.
A iminente incursão em Rafah chega em meio aos entraves nas negociações entre Israel e Hamas para uma trégua e a libertação dos reféns sequestrados em 7 de outubro de 2023.
Enquanto o governo israelense exige a soltura imediata de todas as pessoas ainda em cativeiro, o grupo islâmico quer a retirada total das tropas do país judeu da Faixa de Gaza e um cessar-fogo definitivo.
"A ordem de evacuação é uma perigosa escalada que terá consequências", disse Sami Abu Zuhri, funcionário de alto escalão do Hamas.
Já o alto representante da União Europeia para Política Externa, Josep Borrell, escreveu no X (antigo Twitter) que "as ordens de evacuação pressagiam o pior: mais guerra e carestia".
"Israel deve renunciar a uma ofensiva terrestre", acrescentou o chefe da diplomacia da UE, que afirmou ainda que o bloco e a comunidade internacional "podem e devem agir para evitar tal cenário".
Israel's evacuation orders to civilians in Rafah portend the worst: more war and famine. It is unacceptable.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) May 6, 2024
Israel must renounce to a ground offensive and implement UNSCR 2728.
The EU, with the International Community, can and must act to prevent such scenario.
Biden liga para Netanyahu e reitera temor por ofensiva em Rafah
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, telefonou nesta segunda-feira (6) para o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, após a ordem de evacuação para moradores do leste de Rafah.
Durante a conversa de cerca de meia hora, Biden reiterou as preocupações da Casa Branca a respeito de uma invasão à cidade palestina e reforçou que um cessar-fogo com o Hamas é a melhor maneira de proteger a vida de reféns israelenses em Gaza.
Biden também pediu para Israel reabrir imediatamente o posto de fronteira de Kerem Shalom, fechado no domingo (5) após um ataque do Hamas que matou quatro militares.
Ordem de evacuação em Rafah é 'desumana', diz ONU
A ordem de Israel para evacuação do leste de Rafah é "desumana", afirmou nesta segunda-feira o alto comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos, Volker Turk.
"Os habitantes de Gaza continuam a sofrer com bombas, doenças e até carestia. E hoje eles ouviram que precisam evacuar novamente enquanto as operações militares israelenses em Rafah ganham corpo. Isso é desumano e contraria princípios básicos do direito humanitário internacional", destacou.
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