(ANSA) - A esposa e a sogra do deputado Aboubakar Soumahoro, único negro na nova legislatura na Itália, foram colocadas em prisão domiciliar nesta segunda-feira (30) por suspeita de irregularidades na gestão de cooperativas que lidam com acolhimento de migrantes e menores não acompanhados na província de Latina.
A medida foi cumprida pela Guarda de Finanças e executa uma ordem de detenção emitida pelo juiz de instrução de Latina, no sul do país.
A esposa Liliane Murekatete e sua mãe, Marie Therede Mukamatsindo, estão entre as seis pessoas investigadas por crimes fiscais em relação às cooperativas Karibu e Consorzio Aid, incluindo fraude no fornecimento público, falência fraudulenta de ativos e lavagem de dinheiro.
Segundo o inquérito, as empresas receberam enormes fundos públicos de vários organismos, incluindo prefeitura e governo, destinados a projetos específicos ou planos de assistência relativos a requerentes de asilo e menores não acompanhados, mas prestou serviço inadequado e, em muitas vezes, diferente do acordado.
O Ministério Público de Latina contesta também o número excessivo de pessoas acolhidas, acomodações precárias com mobiliário inadequado, más condições de higiene e ausência de um sistema de aquecimento, além de problemas no fornecimento de água quente, na conservação de carne e na má qualidade dos alimentos.
O caso já havia deixado Soumahoro em uma situação complicada no ano passado, com sua exclusão da coligação Aliança Verdes e Esquerda, legenda no qual se elegeu pela região de Emilia-Romagna e tornou-se o único deputado negro da Itália.
Nascido na Costa do Marfim, o deputado de 43 anos vive no país europeu desde 1999 e é uma das vozes mais ativas em defesa de trabalhadores agrícolas, sobretudo imigrantes. Após sua eleição, compareceu à primeira sessão parlamentar com galochas sujas de lama para simbolizar a luta dos trabalhadores do campo.
"Tomo nota da medida aplicada à minha esposa Liliane, não tenho mais nada a acrescentar ou comentar, exceto que continuo confiando na justiça", declarou Soumahoro após a decisão da justiça, pedindo que todos "respeitem a privacidade" de seu filho.
Recentemente, Soumahoro foi criticado por defender Murekatete depois que foram divulgadas fotos de sua esposa vestindo roupas e acessórios de grife, dizendo que ela tinha "o direito à moda".
No entanto, o deputado disse posteriormente que tinha sido "mal interpretado" por pessoas que zombavam dele por causa dessa observação, argumentando que "todos deveriam ter o direito de se vestir como acharem adequado".
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