(ANSA) - O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, reuniu-se nesta quarta-feira (26) com o premiê espanhol, Pedro Sánchez, em Madri, e voltou a falar sobre as questões que envolvem a guerra da Rússia na Ucrânia.
Durante o discurso final, Lula abordou diversos temas internacionais e nacionais, mas voltou a focar nas discussões pela paz no conflito. "Não cabe a mim decidir de quem é a Crimeia. Quando se sentar em uma mesa de negociação, pode-se discutir qualquer coisa, até a Crimeia. Mas quem tem que discutir isso são os russos e ucranianos. Primeiro para-se a guerra, e depois vamos conversar", disse o mandatário cobrando que seja criado um "G20 pela paz".
Segundo o brasileiro, cada um dos lados do conflito "acha que têm razão, que pode mais, mas o dado concreto é que o povo está morrendo". Reforçando a postura de que a Rússia "invadiu a integralidade territorial da Ucrânia", Lula afirmou que esse é o momento de "fazer uma intervenção de um grupo de países amigos para que se possa fazer com que as partes sentem e conversem".
"É preciso parar de destruir, de atacar porque não se pode continuar assim", acrescentou ainda dizendo que a parte "agredida", ou seja, Kiev, deve ser ouvida na proposta de paz.
Lula ainda aproveitou para criticar o atual Conselho de Segurança das Nações Unidas, cobrando a reforma solicitada pelo Brasil há décadas. O presidente destacou que o órgão conter apenas os "vencedores da Segunda Guerra Mundial" é algo ultrapassado e que é necessário expandir o grupo "porque o mundo mudou, a geopolítica mudou, a sociedade mudou".
"Por que a Espanha, o Brasil, o Japão, a Alemanha, a Índia, a Nigéria, o Egito, a África do Sul não estão no Conselho? Precisamos construir um novo mecanismo internacional", disse ainda lembrando que "a ONU conseguiu criar o Estado de Israel, mas em 2023, não tem força para criar o Palestino".
Economia e política
Lula falou sobre o andamento das negociações para o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul e afirmou que, com a ajuda espanhola, ele pode ser fechado.
"Acho que a proposta feita no governo anterior é inaceitável por parte do Brasil porque ela impõe uma punição e nós não podemos aceitar isso. Alguém tem que fechar, mas em um acordo, todos têm que ganhar. E isso não é fácil porque mexe com os interesses de uma sociedade inteira", pontuou.
Segundo estimativas dos dois lados, a reunião que será realizada em julho deste ano será crucial para que o acordo finalmente saia do papel após mais de duas décadas de discussões.
Além disso, Lula e Sánchez fecharam mais três acordos bilaterais, que envolvem as áreas de Ciência e Tecnologia, Educação e Trabalho.
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