A arqueóloga Elena Morán, diretora do Museu da Escravatura de Lagos, em Portugal, onde foram descobertos 158 esqueletos de africanos escravizados em 2009, reconheceu nesta quarta-feira (11) a possibilidade de haver mais ossos enterrados no local, apesar de admitir que a instituição não pretende retomar as escavações.
A declaração foi dada durante o congresso internacional "Escravaturas de ontem e de hoje: Servidões, rebeliões e opressões", em Lisboa, onde ela revelou que as ossadas foram encontradas em uma lixeira urbana, no Vale da Gafaria, durante as obras para a construção de um estacionamento.
Em meio às investigações, acredita-se que os esqueletos são de africanos escravizados que teriam vivido no século 15, em Lagos, a primeira cidade da Europa onde desembarcavam pessoas capturadas da África.
"Podem existir outras ossadas, em número incerto, mas não temos a intenção de escavar mais", afirmou Morán.
Segundo a arqueóloga, os esqueletos seguem em análise pelo departamento de antropologia forense da Universidade de Coimbra, cujos resultados agora fazem parte de uma base mundial de dados.
A pesquisadora destacou ainda que o estudo poderá confirmar a procedência desses seres humanos, bem como o estado de saúde da maioria dos esqueletos analisados, como desnutrição, traumas ou episódios de violência.
Para a representante do museu, a melhor forma de homenagear as pessoas escravizadas é erguer um memorial em Lagos, próximo à área onde ocorreu a descoberta das ossadas. A expectativa é que seja inaugurado em 2025.
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