O prefeito de Val di Zoldo, província de Belluno, região do Vêneto, na Itália, Camillo De Pellegrin, negou ter cometido xenofobia ao estender, em janeiro, a bandeira do Brasil na fachada da Prefeitura para protestar contra a "sobrecarga" de pedidos de cidadania por brasileiros.
O político chegou a utilizar as redes sociais para escrever em tom de ironia: "Município de Val di Zoldo do Brasil, estado do Rio Grande do Sul. Vamos até hastear a bandeira brasileira".
Segundo reportagem do jornal O Globo, Pellegrin estaria se posicionando contra o pedido do estado gaúcho em solicitar prioridade no processo de cidadania a ítalo-brasileiros nos cartórios locais. O Vêneto é a região italiana que mais enviou imigrantes ao Rio Grande do Sul durante o período da grande imigração, com início em 1874.
Apesar do símbolo da nação sul-americana ter sido retirado há pouco mais de um mês, o prefeito foi denunciado pelo ato à presidência da República no Brasil, ao Ministério das Relações Exteriores, à Câmara dos Deputados e ao Senado.
Pellegrin afirmou ao jornal carioca que o objetivo da ação era chamar a atenção das instituições italianas sobre a necessidade de medidas corretivas no processo de reconhecimento da cidadania por descendência, chamada "jus sanguinis", que na sua opinião, está "completamente fora de controle".
"Não existe nenhuma hostilidade contra a comunidade ítalo-brasileira, pelo contrário, minhas iniciativas visam protegê-las", disse o prefeito.
Ele afirmou ainda que muitos tribunais e municípios italianos estariam sobrecarregados com as solicitações, além de mencionar as irregularidades administrativas e o aumento de práticas dos pedidos de cidadania, vistas por ele com caráter comercial.
"As distorções são múltiplas, graves e os efeitos de má gestão [dos processos] devem se tornar cada vez mais significativos ao longo do tempo", concluiu Pellegrin.
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