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Brasileiras defendem mulheres, mas apoiam Papa sobre diaconisas

Brasileiras defendem mulheres, mas apoiam Papa sobre diaconisas

Mineiras participaram do Sínodo dos Bispos no Vaticano

SÃO PAULO, 26 de outubro de 2024, 12:19

Por Luciana Ribeiro

ANSACheck
Francisco durante vigília antes do Sínodo dos Bispos - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Francisco durante vigília antes do Sínodo dos Bispos - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Duas brasileiras convidadas para participar do Sínodo dos Bispos de 2024, que se encerra no Vaticano neste domingo (27), apoiaram a decisão do papa Francisco de barrar neste momento as discussões sobre a ordenação de mulheres para o diaconato.
    O posicionamento do pontífice, que acredita que a questão "ainda não está madura", foi divulgado no último dia 21 de outubro pelo prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, cardeal Victor Manuel Fernández, aos membros da reunião episcopal.
    Em entrevista à ANSA, Sônia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), e Maria Cristina dos Anjos, assessora nacional para Migração e Refúgio da Cáritas Brasileira, apoiaram a decisão, apesar de ser um "tema muito sensível" que precisa ser "dialogado de acordo com a sensibilidade" - ambas integram o grupo de 70 católicos escolhidos por Jorge Bergoglio para participar do Sínodo.
    "A Igreja Católica é milenar e, para fazer uma mudança radical como essa, precisa de um tempo muito grande", afirmou Oliveira, lembrando que o assunto tem sido discutido desde 2020.
    No entanto, segundo a presidente do CNLB, a decisão do Papa não significa que as portas estão "fechadas totalmente para o diaconato".
    Na hierarquia católica, diáconos podem celebrar a Eucaristia, distribuir a Comunhão, abençoar matrimônios e pregar o Evangelho. Por outro lado, diferentemente de padres, não celebram missas nem ouvem confissões, assim como não são celibatários, e alguns grupos defendem a ordenação de diaconisas para enfrentar a escassez de sacerdotes em algumas regiões.
    "Não é conformismo, mas talvez tenha sido o melhor caminho mesmo, porque nós precisamos fazer uma leitura justamente das mulheres que estão nas comunidades e que vestem este ministério", justificou Oliveira, destacando, contudo, que a Igreja ainda é muito masculinizada.
    "Não só o tema do diaconato, mas outros temas são assuntos, para a gente da América Latina, tão comuns, tranquilos, mas em outras regiões isso é algo estranho, não é entendido", ressaltou Dos Anjos.
    De acordo com a assessora da Cáritas, mesmo que todos tenham "clareza da importância da participação da mulher", que é um "motor" da Igreja, principalmente nas comunidades menores, é preciso criar caminhos para explicitar essas diferentes vivências.
    "Na região amazônica, as mulheres só não estão colocadas como diaconisas, mas vivenciam tudo isso. Então a gente precisa demonstrar que isso é algo que já acontece e que as mulheres podem viver o diaconato", salientou.
    Oliveira e Dos Anjos foram à Itália representando as mulheres, o laicato e outros grupos, como indígenas e LGBTQIA+.
    Provenientes de Minas Gerais, ambas têm uma vida pautada pela atuação em projetos sociais ligados à Igreja Católica no Brasil.
    Questionadas sobre a eventual ordenação de homens casados como padres e o acolhimento à comunidade LGBTQIA+, as brasileiras disseram que as discussões estavam presentes no Sínodo, mas com pouca ressonância. "Na verdade, a gente não tinha que fazer discussões de quem a gente acolhe, quem a gente não acolhe, qual é o lugar do LGBTQIA+, qual é o lugar da mulher. A Igreja deveria ser de todo mundo", concluiu a assessora da Cáritas.
   

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