(ANSA) - O papa Francisco enviou nesta quinta-feira (7) uma mensagem em vídeo para a comunidade católica de Ernakulam-Angamaly, na Índia, à beira de uma divisão em decorrência de diferenças internas sobre a liturgia, que poderia levar à criação de uma "seita".
O religioso ameaçou que, se a situação permanecer desta forma, "com muita dor, as sanções pertinentes deverão ser tomadas", "Estejam atentos para que o diabo não os induza a transformar-se numa seita. Sejam Igreja, não se tornem uma seita. Não obriguem a autoridade eclesiástica competente a tomar nota de que saíram da Igreja", adverte.
Na gravação, Francisco lança um apelo, "em nome do Senhor, para o bem espiritual da sua Igreja, da nossa Igreja", para que curem esta ruptura" e restabeleça a comunhão". "Permaneça na Igreja Católica".
A questão no centro da divisão entre os fiéis de Ernakulam é a recusa da diocese em aceitar a liturgia aprovada pelo Sínodo, na qual os sacerdotes se dirigem ao altar durante a oração eucarística da missa. No entanto, na Arquieparquia de Ernakulam-Angamaly muitos sacerdotes e fiéis continuam a assumir uma "particularidade litúrgica", com o celebrante sempre voltado para a assembleia.
A divisão gerou brigas e tumultos, provocando o fechamento de uma igreja, a Basílica de Santa Maria, após confrontos entre diferentes fações, que queimaram imagens sagradas e crucifixos.
A polêmica obrigou Jorge Bergoglio a enviar o monsenhor Cyril Vasil para "resolver a situação", assegurando a implementação da reforma litúrgica, mas o arcebispo sofreu agressões, incluindo ataques com ovos.
Hoje, o líder da Igreja Católica também aceitou a renúncia do cardeal Mar George Alencherry, arcebispo maior de Ernakulam-Angamaly. Além da questão da liturgia, segundo os manifestantes, ele teria causado enormes prejuízos econômicos à diocese através da venda de terras e outros bens eclesiásticos dos quais supostamente teria obtido benefícios pessoais.
De acordo com o Vaticano, as operações de Alencherry sempre foram declaradas regulares. No entanto, o Papa advertiu que todos os sacerdotes precisam lembrar da sua ordenação e dos compromissos que assumiram. "Não se separem do caminho da sua Igreja", alerta.
Por fim, Francisco espera que, no próximo Natal, esta comunidade aceite caminhar com o resto da Igreja, respeitando todas as indicações dos seus responsáveis.
"Como pode ser a Eucaristia se a comunhão é rompida, se há falta de respeito pelo Santíssimo Sacramento, entre lutas e rixas?", questiona o argentino.
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