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'Quem causa fome comete homicídio', diz Papa em mensagem ao G20

'Quem causa fome comete homicídio', diz Papa em mensagem ao G20

Texto foi lido no Rio pelo secretário de Estado do Vaticano

VATICANO, 18 de novembro de 2024, 14:06

Redação ANSA

ANSACheck
Papa é representado por secretário de Estado do Vaticano - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Papa é representado por secretário de Estado do Vaticano - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

O papa Francisco alertou nesta segunda-feira (18), em mensagem enviada à cúpula do G20, no Rio de Janeiro, que todos que provocam a fome a seus irmãos "cometem indiretamente um homicídio".
    O texto foi lido pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, "número 2" na hierarquia da Cúria Romana, que representa Jorge Bergoglio na cúpula de líderes do G20 até a próxima terça-feira (19).
    Para o Papa, "é motivo de grande preocupação que a sociedade ainda não tenha encontrado uma forma de enfrentar a trágica situação daqueles que enfrentam a fome". "A aceitação silenciosa da fome pela sociedade humana é uma injustiça escandalosa e um crime grave", denunciou.
    Jorge Bergoglio também reforça que "aqueles que, através da usura e da ganância, provocam a fome e a morte dos seus irmãos e irmãs da família humana, cometem indiretamente um homicídio".
    Na mensagem, o argentino destaca a necessidade de "uma visão e uma estratégia de longo prazo para combater eficazmente a desnutrição", esperando que "a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza possa ter um impacto significativo nos esforços globais para combater a fome e a pobreza".
    "A Aliança poderia começar por implementar a proposta de longa data da Santa Sé, que apela ao redirecionamento de fundos atualmente atribuídos a armas e outras despesas militares para um fundo global concebido para combater a fome e promover o desenvolvimento nos países mais pobres", enfatizou o Papa.
    O líder da Igreja Católica pede ao G20 que "sejam tomadas ações imediatas e decisivas para erradicar o flagelo da fome e da pobreza", lembrando que "a implementação de medidas eficazes requer um compromisso concreto dos governos, das organizações internacionais e da sociedade como um todo".
    Para ele, "a centralidade da dignidade humana dada por Deus a cada indivíduo, o acesso aos bens básicos e a distribuição equitativa de recursos deve ser prioridade em todas as agendas políticas e sociais".
    "Combater o desperdício alimentar é um desafio que requer uma ação coletiva. Desta forma, os recursos podem ser redirecionados para investimentos que ajudem os pobres e famintos a satisfazer as suas necessidades alimentares", advertiu.
    A Santa Sé foi convidada a participar pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma vez que as prioridades do Brasil à frente do grupo apresentam consonâncias com as bandeiras do pontificado de Francisco, como a luta contra a fome a pobreza e o incentivo ao desenvolvimento sustentável.
    Hoje, em seu discurso de abertura, o petista declarou oficialmente lançada a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, cuja sede será na FAO, em Roma, e suas atividades terão início em 2025 e durarão até 2030.
    Já em relação às guerras no mundo, o Papa também expressou mais uma vez a sua preocupação com "a intensificação dos conflitos, das atividades terroristas e dos atos de agressão" e apelou para que o G20 "identifique novos caminhos para alcançar uma paz estável e duradoura em todas as áreas afetadas por conflitos, com o objetivo de restaurar a dignidade das pessoas".
    As guerras em curso "não são apenas responsáveis por números significativos de mortes, deslocações em massa e degradação ambiental, também contribuem para o aumento da fome e da pobreza, tanto diretamente nas áreas afetadas como indiretamente em países que se encontram a centenas ou milhares de quilômetros de distância" das zonas de conflito, especialmente através da interrupção das cadeias de abastecimento.
    Por fim, disse que "as guerras continuam a exercer uma pressão considerável sobre as economias nacionais, principalmente devido à quantidade exorbitante de dinheiro gasto em armas e armamentos".
   

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