Começa a ganhar forma a Aliança Global contra a Fome, uma combinação de políticas públicas e mecanismos inovadores para ajudar a tirar 730 milhões de pessoas da pobreza. Uma iniciativa cara ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a tornou uma das principais propostas do G20 liderado pelo Brasil e a quem o chefe de Estado da Itália, Sergio Mattarella, assegurou o "compromisso para o pleno sucesso" do projeto, em recente reunião em Brasília.
A presidência do grupo multilateral já anunciou um acordo unânime em nível técnico sobre o dossiê que constitui os fundamentos do novo órgão, que, segundo as previsões, será adotado em uma reunião ministerial do G20 na próxima quarta-feira (24), no Rio de Janeiro - um momento central do trabalho realizado até agora e que será testemunhado pela presença do líder sul-americano.
O pacote que será adotado inclui quatro documentos: um modelo de adesão à aliança, um texto sobre a governança, um sobre critérios de políticas públicas e uma declaração de apoio político ao plano, no qual se delineiam o cenário atual, os motivos do projeto e as expectativas.
"Esse é o pontapé inicial, depois teremos tempo até novembro [na cúpula de líderes do G20] para a adesão dos países, que será feita por meio de um documento à parte", baseado em requisitos mínimos e adaptado à realidade de cada Estado, disse o embaixador Mauricio Carvalho Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores.
Os países que entrarem na aliança até novembro serão considerados fundadores da iniciativa, que não se dirige apenas às principais economias do mundo, mas a todos os países e entidades que queiram participar de mecanismos de parceria coordenados segundo uma lógica de "matchmaking".
Uma máquina que deve começar a andar já no próximo ano e que promete ser "ágil, flexível e inteligente", dotada de um secretariado e de um conselho para tomada de decisões. Os três pilares sobre os quais se assenta o projeto são o apoio financeiro, o reconhecimento de políticas públicas sociais de rápido impacto já testadas e o compromisso político.
"A aliança não é apenas um espaço de cooperação, é um ponto de articulação entre recursos financeiros, programas sociais bem-sucedidos e países que sofrem com a fome", explicou Carvalho Lyrio, "e prevê um melhor alinhamento entre os recursos existentes, muitas vezes fragmentados ou mal distribuídos".
Entre as hipóteses em estudo está, por exemplo, a facilitação do acesso aos fundos verdes para os pequenos agricultores, que estão comprovadamente entre os mais afetados pelas mudanças climáticas, inclusive no Brasil, e que constituem grande parcela da população que passa fome no mundo. (ANSA)
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