O número de pessoas em fuga de guerras e perseguições voltou a bater recorde no mundo e chegou a 117,3 milhões em 2023, de acordo com o relatório "Tendências Globais", divulgado pela Agência da ONU para Refugiados (Acnur) nesta quinta-feira (13).
Segundo o organismo, a cifra cresceu 8% em relação a 2022 e atingiu o 12º ano consecutivo de expansão, em um movimento que se deve ao surgimento de novos conflitos e à manutenção de crises já existentes, como a da Ucrânia.
Um fator determinante para o novo recorde, segundo a agência da ONU, foi o conflito no Sudão, que encerrou 2023 com 10,8 milhões de deslocados, bem como a fuga de milhões de indivíduos devido a combates em Mianmar e na República Democrática do Congo.
Além disso, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa) estima que, no fim do ano passado, cerca de 1,7 milhão de habitantes da Faixa de Gaza (75% da população) foram forçados a se deslocar devido aos "níveis catastróficos de violência" na guerra entre Israel e Hamas. Já a Síria continua sendo a maior crise de deslocamento forçado no mundo, com 13,8 milhões de pessoas em fuga dentro e fora do país.
"Por trás dessas cifras brutais e crescentes, estão inúmeras tragédias humanas. Esse sofrimento deve impulsionar a comunidade internacional a agir urgentemente para abordar as causas do deslocamento forçado", declarou Filippo Grandi, alto comissário das Nações Unidas para Refugiados.
"É o momento de as partes em conflito respeitarem o direito internacional e as leis básicas da guerra. Sem maior cooperação e esforços conjuntos, os números de deslocamento continuarão a aumentar", acrescentou o italiano.
O aumento foi puxado pelos deslocados internos (aqueles que permanecem dentro de seus próprios países), que totalizaram 68,3 milhões, uma alta de 9,3% em um ano.
Já o número de refugiados e outras pessoas que necessitam de proteção internacional subiu para 43,4 milhões (+7%), sendo que 69% dessa população foi acolhida por países vizinhos. Além disso, 75% residem em países de renda baixa ou média que, juntos, produzem menos de 20% da riqueza mundial.
Os cinco principais países de origem dos refugiados são Afeganistão (6,4 milhões), Síria (6,4 milhões), Venezuela (6,1 milhões), Ucrânia (6 milhões) e Sudão (1,5 milhão), enquanto Irã (3,8 milhões), Turquia (3,3 milhões), Colômbia (2,9 milhões), Alemanha (2,6 milhões) e Paquistão (2 milhões) são os maiores hospedeiros em números absolutos. (ANSA)
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