Explosões foram registradas na madrugada desta sexta-feira (19) em Isfahan, cidade do Irã que abriga importantes estruturas militares e do programa nuclear do país persa, em mais um episódio da escalada da tensão no Oriente Médio.
Segundo a mídia estatal iraniana, pelo menos três drones foram abatidos pelo sistema de defesa antiaérea, mas sem provocar danos. O Irã chegou a fechar seu espaço aéreo durante a tentativa de ataque, porém já o reabriu.
Israel não assumiu a ofensiva, mas uma fonte de Tel Aviv disse ao jornal The Washington Post que tratou-se apenas de "um sinal" de que o país judeu é capaz de "atacar dentro do território do Irã".
O episódio seria uma retaliação pelo ataque iraniano contra Israel no último fim de semana, que, por sua vez, já havia sido uma resposta ao bombardeio contra a embaixada de Teerã em Damasco, na Síria. O sul do país árabe também registrou supostos ataques israelenses nesta sexta.
O abatimento dos três drones coincide com o aniversário de 85 anos do guia supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e com o último dia de reunião dos ministros das Relações Exteriores do G7 em Capri, no sul da Itália.
O grupo vinha tentando demover Israel de promover uma retaliação em larga escala ao Irã para tentar acalmar a situação no Oriente Médio. O próprio comandante do Exército iraniano, Abdolrahim Mousavi, insinuou que não haverá resposta, uma vez que Israel "já viu a reação" do país persa.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, ameaçou adotar uma "resposta definitiva e decisiva" se "o regime de Israel cometer mais um grave erro".
Já a presidente do poder Executivo da União Europeia, Ursula von der Leyen, pediu "moderação". "Devemos fazer todo o possível para que todas as partes se abstenham de uma escalada. É absolutamente necessário que a região continue estável", disse a alemã durante uma visita à Finlândia.
Situada no centro do Irã, Isfahan abriga uma importante base aérea e fábricas ligadas à produção militar do país, incluindo de drones. Além disso, a cidade conta com uma estrutura de enriquecimento de urânio construída em 1999 e que trabalha com três pequenos reatores.
De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), não foram registrados danos a estruturas nucleares iranianas.
EUA
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse nesta sexta-feira que o país não está envolvido em operações ofensivas no Oriente Médio, na esteira da suposta tentativa de ataque de Israel contra Isfahan.
Em coletiva de imprensa em Capri, o chefe da diplomacia americana acrescentou que os Estados Unidos trabalham "por uma desescalada" da tensão no Oriente Médio.
"Não estamos envolvidos em nenhuma operação ofensiva. Não quero dizer mais, não estamos envolvidos", afirmou. Blinken, no entanto, assegurou que o G7 está "empenhado pela segurança de Israel".
Hamas
Sami Abu Zuhri, um alto funcionário do grupo fundamentalista islâmico Hamas, declarou que a “agressão” de Israel contra o Irã é uma escalada contra a região.
A declaração é dada após Israel lançar um ataque de drones contra uma instalação militar iraniana, segundo o jornal “Times of Israel”.
O Hamas faz parte do Eixo de Resistência liderado pelo Irã, juntamente com o Hezbollah libanês e grupos na Síria e no Iraque.
Brasil e Irã
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, expressou sua "preocupação" com a escalada da violência no Oriente Médio em uma conversa com seu homólogo iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, em Nova York.
O governo brasileiro "acompanha com grave preocupação a escalada de tensões entre Irã e Israel, desta vez com o relato de explosões na cidade iraniana de Isfahan e apela que todas as partes envolvidas exerçam máxima contenção", disse um comunicado divulgado pelo Palácio do Itamaraty.
"Esse apelo foi transmitido diretamente pelo ministro Vieira ao chanceler do Irã em um encontro bilateral ocorrido na sede de ONU", acrescenta a nota. (ANSA)
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