(ANSA) - O governo de Israel declarou nesta segunda-feira (19) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "persona non grata", ou seja, como pessoa indesejável, por conta da comparação da ofensiva do país contra o Hamas na Faixa de Gaza com o Holocausto.
"Não perdoaremos e não esqueceremos. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que peça desculpas e se retrate de suas palavras", disse o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, no X (antigo Twitter).
A medida foi anunciada após o chanceler ter repreendido o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, por conta das declarações dadas por Lula no encerramento de sua viagem à Etiópia, no último domingo (18).
Na ocasião, o presidente afirmou que o conflito na Faixa de Gaza, onde mais de 29 mil pessoas já morreram, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas, não é uma guerra, mas sim um "genocídio".
"O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", acrescentou Lula.
Segundo Katz, "a comparação do presidente brasileiro entre a guerra justa de Israel contra o Hamas e as ações de Hitler e dos nazistas, que exterminaram 6 milhões de judeus, é um grave ataque antissemita que profana a memória daqueles que morreram no Holocausto".
No domingo, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, já havia definido as declarações de Lula como "vergonhosas e graves" e dito que as falas cruzaram "uma linha vermelha".
A crise diplomática acontece às vésperas da primeira reunião de ministros das Relações Exteriores do G20 sob a presidência brasileira, em 21 e 22 de fevereiro, no Rio de Janeiro.
Embaixador
O presidente Luiz Inácio Lula da silva (PT) chamou nesta segunda-feira para consultas o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer.
Meyer também se reuniu com o chanceler israelense, Israel Katz.
O fato de Katz ter levado Meyer ao Museu do Holocausto piorou o clima sobre a questão no Itamaraty.
O retorno de Meyer ao Brasil, sem prazo para retorno a Israel, é visto como um distanciamento diplomático entre os dois países.
Mais cedo, Celso Amorim classificou a postura do país judeu como "absurda" e fontes diplomáticas apontam que Lula não se desculpará.
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, também convocou o embaixador israelense, Daniel Zonshine, para que compareça ainda nesta segunda-feira ao Itamaraty.
O encontro deve ocorrer na sede do Palácio Itamaraty no Rio de Janeiro, já que Vieira está na capital fluminense para uma reunião do G20.
Em comunicado, a chancelaria brasileira disse que o pedido foi feito "diante da gravidade das declarações desta manhã do governo de Israel".
(ANSA)
זימנתי הבוקר את שגריר ברזיל בישראל ליד ושם, המקום שמעיד יותר מכל על מה שעשו הנאצים והיטלר ליהודים, בהם בני משפחתי.
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) February 19, 2024
ההשוואה של נשיא ברזיל לולה @LulaOficial בין המלחמה הצודקת של ישראל בחמאס, לבין מעשיהם של היטלר והנאצים, שהשמידו 6 מיליון יהודים, היא התקפה אנטישמית חמורה שמחללת את… pic.twitter.com/QErDw4tElb
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