(ANSA) - A filha da amante do poderoso líder da máfia siciliana Matteo Messina Denaro, que passou quase 30 anos foragido e morreu vítima de um tumor no cólon em setembro passado, foi detida nesta terça-feira (5) no sul da Itália.
Os carabineiros Reagrupamento Operacional Especial (ROS) prenderam Martina Gentile, filha da professora Laura Bonafede, que teria sido casada "por anos" com o mafioso e, mesmo após o fim do casamento, se manteve na rede de cúmplices que protegeram o criminoso, sob a acusação de cumplicidade e descumprimento de sentença.
O Ministério Público já havia pedido a prisão preventiva de Gentile, que era considerada uma filha por Messina Denaro, mas o juiz de instrução alegou que não havia indícios suficientes. No entanto, com base em um novo material de uma investigação realizada pelos carabineiros, o magistrado ordenou que ela seja colocada em prisão domiciliar.
O inquérito conta com uma série de imagens tiradas pela polícia meses antes da captura do mafioso, em 16 de janeiro. Em um vídeo de 17 de dezembro de 2022, agora reanalisado, o carro de Messina Denaro é visto passando às 10h59 (horário local) em frente à casa de Gentile e de sua mãe e diminuindo a velocidade na frente da porta.
A análise das imagens confirmam que Bonafede expressa alegria ao ver o criminoso passar no carro, mesmo que por um instante.
Além disso, a nova investigação apurou uma troca de correspondência entre Gentile e Denaro, que explorava seu relacionamento com outra intermediária, Lorena Lanceria, também presa nos últimos meses.
As duas mulheres se conheceram no ateliê de arquitetura do ex-vereador de urbanismo de Campobello di Mazara, Stefano tramonte, onde ambas começaram a trabalhar. O arquiteto, que pediu demissão nos últimos meses, está sob investigação.
"Cada vez que pergunto ao 'Tramite' o que ele comeu na noite anterior, me sinto mais próxima de você. Ele é a única pessoa com quem falo mais livremente, com quem sou mais eu mesma", escreveu Gentile ao líder mafioso.
A correspondência encontrada após a prisão de Messina Denaro é um dos elementos que demonstram a ligação entre os dois. Por trás do pseudônimo "Tramite", o mafioso era hospedado na casa de Lanceri.
Para a juíza, Gentile teve um papel específico na sequência fundamental da "troca de correspondência" de Messina Denaro, "aquele sistema confidencial, sofisticado e altamente eficaz de recolha e triagem dos 'pizzini' que o fugitivo explorou para se comunicar também com Laura Bonafede, um dos pivôs da gestão da clandestinidade, também de vital importância para manter contatos com outros associados da máfia e, em última análise, para permitir ao fugitivo exercer o seu papel de líder da associação mafiosa de Trapani".
Segundo as autoridades, Messina Denaro deu um colar Bulgari no valor de mais de 2 mil euros à filha de três anos de Gentile. Na linguagem codificada usada pelo chefe da máfia e a mulher, a pequena destinatária do presente era indicada como "Cromatuccia".
A mulher, após receber a joia, enviou uma foto do colar para a mãe, Laura Bonafede, amante histórica de Messina Denaro. A prova da compra está no material apreendido com a irmã do criminoso, Rosália, que marcou a compra como um "presente para cromatuccia".
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