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Ex-PM faz delação e confirma participação em morte de Marielle

Ex-PM faz delação e confirma participação em morte de Marielle

Élcio de Queiroz também acusou Ronnie Lessa de efetuar disparos

BRASÍLIA, 24 julho 2023, 13:47

Redação ANSA

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Mural em homenagem a Marielle Franco em Roma, na Itália © ANSA/Ansa/ NPK Ufficio stampa

(ANSA) - As investigações sobre as execuções da vereadora carioca Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, ocorridas em março de 2018, tiveram mais uma reviravolta nesta segunda-feira (24), com a notícia de que um dos réus por participação no crime, o ex-policial militar Élcio de Queiroz, assinou acordo de delação premiada.

A colaboração do ex-PM foi anunciada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), após a prisão do ex-bombeiro Maxwell Simões de Corrêa, o Suel, resultado direto da delação. "Temos a conclusão de uma fase na investigação, com a confirmação de tudo que aconteceu na execução do crime", disse Dino.

Em seus depoimentos, Élcio confessou que dirigia o veículo utilizado no atentado contra Marielle e Anderson e que o também ex-PM Ronnie Lessa foi o autor material dos assassinatos, disparando com uma submetralhadora na direção do carro da vereadora.

"Certos detalhes sobre os quais pairavam dúvidas, a partir da delação, essas dúvidas se acham removidas. Há coincidência na narrativa de Élcio de Queiroz em relação a outros aspectos que já se encontravam na posse da polícia. O senhor Élcio, ao narrar a dinâmica do crime e a participação dele próprio e de Ronnie Lessa, aponta Maxwell e outras pessoas como coparticipes", acrescentou o ministro.

Já se sabia que Maxwell era o dono do carro utilizado para esconder armas pertencentes a Lessa, seu amigo, mas Élcio revelou na delação que o ex-bombeiro também vigiava Marielle e participaria da emboscada de 14 de março de 2018, porém acabou substituído pelo próprio ex-PM.

Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz já são réus pelos homicídios de Marielle e Anderson e serão julgados por júri popular, mas as investigações ainda não conseguiram chegar aos mandantes do crime.

"Sem dúvida há a participação de outras pessoas, os fatos revelados e as provas colhidas indicam isso", afirmou Dino, que determinou em fevereiro passado a entrada da Polícia Federal no caso. Segundo ele, há uma "forte vinculação" das execuções "com a atuação das milícias e o crime organizado no Rio de Janeiro".

"Isso é indiscutível. Ronnie, Élcio e Maxwell participam de um conjunto que está relacionado a essas organizações criminosas", acrescentou. O ministro também disse que a delação abre caminho para "um novo patamar de investigação" para identificar os mandantes.

Motivações políticas

Em entrevista coletiva no início da tarde, o promotor Eduardo Morais Martins, do Ministério Público do Rio de Janeiro, disse que Lessa  tinha "ojeriza" pela atuação política de Marielle, uma importante ativista pelos direitos humanos e contra as milícias da capital fluminense.

"O crime foi praticado por conta, também, das causas defendidas por Marielle. Isso não exclui outras motivações. Não exclui o fato de que Ronnie tinha ojeriza às causas defendidas por ela, isso está na primeira denúncia e permanece", afirmou Martins.

Além disso, Lessa pesquisou o CPF de Marielle e sua filha dois dias antes da execução. "Um pacto de silêncio foi rompido", reforçou o promotor Fábio Corrêa. (ANSA)

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