(ANSA) - A Rússia suspendeu nesta segunda-feira (17) o acordo de exportação marítima de grãos ucranianos, que era considerado essencial para equilibrar os preços globais e combater a fome no mundo.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, comentou que o pacto só será retomado quando "a parte do acordo relacionada à Rússia for implementada". O país já vinha reclamando que suas demandas para melhorar as próprias exportações não vinham sendo atendidas.
Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Moscou, seguiu os mesmos passos de Peskov ao declarar que o acordo só vai ser reconsiderado quando "resultados concretos forem obtidos".
A saída da Rússia, uma das maiores exportadoras de commodities do mundo, foi amplamente condenada pelo Ocidente. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que a ação de Moscou foi um "movimento cínico".
"A União Europeia está trabalhando para garantir a segurança alimentar de pessoas vulneráveis em todo o mundo. Os corredores de solidariedade continuarão a levar produtos agroalimentares da Ucrânia para os mercados globais", garantiu a mandatária.
O principal objetivo do pacto, negociado em julho passado, era amenizar uma crise mundial de alimentos, permitindo que os grãos produzidos por Kiev bloqueados em virtude do conflito fossem exportados com segurança. A guerra iniciada por Moscou elevou os preços dos grãos.
Josep Borrell, alto representante da UE para Política Externa, indicou que a decisão dos russos "criará problemas para muitas pessoas". Ele também afirmou que a saída de Moscou é "completamente injustificada".
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, comentou que o preço da suspensão do pacto será pago por milhões de pessoas ao redor do mundo.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, condenou a saída da Rússia do acordo de exportação marítima de grãos ucranianos.
"Condeno a decisão unilateral da Rússia de se retirar do acordo, apesar dos esforços de nossa aliada Turquia e das Nações Unidas. A guerra ilegal da Rússia contra a Ucrânia continua prejudicando milhões de pessoas vulneráveis em todo o mundo", lamentou Stoltenberg.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, opinou que o movimento da Rússia "preocupa a todos".
"Estamos muito preocupados com o fato de a Rússia ter deixado o acordo. Já estamos trabalhando em soluções alternativas. A questão será abordada na cúpula de segurança alimentar em Roma em 24 de julho, que organizamos com as Nações Unidas", escreveu o chanceler.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, também criticou a decisão de Moscou em relação ao acordo de grãos. "A decisão da Rússia de encerrar o acordo de grãos é mais uma prova de quem é amigo e quem é inimigo dos países mais pobres. Usar a matéria-prima que alimenta o mundo como arma é outra ofensa contra a humanidade", afirmou a premiê.
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