(ANSA) - Um tribunal de Moscou condenou nesta segunda-feira (17) Vladimir Kara-Murza, um conhecido opositor do governo de Vladimir Putin, a 25 anos de prisão por traição ao divulgar "notícias falsas" sobre a guerra na Ucrânia.
Desde o início do conflito no país vizinho, em fevereiro do ano passado, quem publicar informações que não sigam a versão oficial do Kremlin ou fizer críticas à condução do confronto corre risco de ser preso e condenado por "trair" o país.
Kara-Murza terá que cumprir a pena em um presídio de segurança máxima e a defesa informou que vai recorrer da decisão.
Com cidadania britânica e russa, o ex-jornalista estudou na Universidade de Cambridge e era amigo de dois outros opositores de Putin: Boris Nemtsov, morto a tiros em 2015 por supostos membros do governo, e Mikhail Khodorkovsky, oligarca que virou crítico do mandatário.
Durante a audiência final nesta segunda-feira, Kara-Murza manteve a postura de opositor e afirmou que mantinha tudo que tinha dito nas publicações.
"Me culpo apenas por uma coisa: não consegui convencer os meus compatriotas e os políticos dos países democráticos do perigo que o atual regime do Kremlin representa para a Rússia e para o mundo. A Rússia será livre, digam a todos", disse aos juízes.
Reações
Após o anúncio da condenação, a mais longa aplicada a um opositor sob o governo de Putin, diversos países se manifestaram sobre a pena.
"A Itália deplora a condenação de Vladimir Kara-Murza a 25 anos de prisão. É o fruto de uma campanha de repressão colocada em andamento pelas autoridades russas para silenciar qualquer voz dissidente", escreveu o Ministério das Relações da Itália em suas redes sociais.
O governo dos Estados Unidos também se manifestou em nota e destacou que a condenação de Kara-Murza está dentro de uma "campanha de repressão" contra os opositores.
Conforme o jornal britânico "The Guardian", Londres convocou o embaixador russo no país para condenar a decisão judicial. "A falta de compromisso da Rússia na proteção dos direitos humanos fundamentais, incluindo a liberdade de expressão, é alarmante", disse o chanceler, James Cleverly, conforme a publicação.
Também em nota, a Organização das Nações Unidas (ONU) cobrou a "imediata libertação" de Kara-Murza.
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