(ANSA) - O primeiro escalão do governo italiano se reúne nesta quinta-feira (9) em Cutro, palco de uma das maiores tragédias dos últimos anos no Mar Mediterrâneo, para aprovar um decreto voltado a combater os fluxos migratórios em direção ao sul do país.
A medida tem como objetivo favorecer a entrada regular de estrangeiros e enfrentar a imigração ilegal e chega na esteira do naufrágio que matou 72 pessoas e deixou dezenas de desaparecidos no litoral de Cutro, cidade da região da Calábria, no extremo-sul da península.
Um esboço do decreto que será discutido pelo Conselho dos Ministros nesta quinta prevê penas de até 30 anos de cadeia para os organizadores das viagens clandestinas no Mar Mediterrâneo quando houver morte de pessoas, ainda que sem intenção.
Além disso, o texto estabelece cotas preferenciais para trabalhadores de países que "promovam campanhas midiáticas sobre os riscos" de atravessar o Mediterrâneo em um barco irregular e reforça a vigilância marítima na região.
O rascunho ainda fala em potencializar os centros de repatriação de migrantes que tiverem o direito de refúgio negado na Itália.
A reunião do governo está prevista para a tarde, mas um muro em uma estrada de acesso à cidade já amanheceu pichado com a frase "Cutro não defende Piantedosi", em referência ao ministro do Interior, Matteo Piantedosi, duramente criticado por ter dito que o desespero dos migrantes forçados não justificava arriscar-se em viagens clandestinas no Mediterrâneo.
Outras pichações diziam "O governo chega, os mortos permanecem" e "A esperança deles é igual à nossa".
O país europeu já recebeu 15.823 migrantes forçados via Mediterrâneo em 2023, aumento de 164% em relação ao mesmo período do ano passado. (ANSA)
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