O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta terça-feira (18) o projeto de lei que equipara o aborto após a 22ª semana de gestaçao com o crime de homicídio e disse que nenhuma criança tem de ser obrigada a gestar o "filho de um monstro".
Com regime de urgência aprovado na Câmara, a iniciativa é de autoria do deputado evangélico e bolsonarista Sóstenes Cavalcante e estabelece que uma mulher que interromper voluntariamente a gravidez após a 22ª semana estaria sujeita a penas de até 20 anos de cadeia, mesmo se o feto fosse fruto de um estupro.
"Quem está abortando, na verdade, são meninas de 12, 13, 14 anos. É crime hediondo um cidadão estuprar uma menina de 10 ou 12 anos e depois querer que ela tenha um filho, o filho de um monstro", disse Lula à Rádio CBN.
"Nós temos que respeitar as mulheres, elas têm o direito de não querer. Por que uma menina é obrigada a ter um filho de um cara que estuprou ela?", questionou o presidente, que ainda criticou o autor do projeto de lei.
"O cidadão diz que fez o projeto para testar o Lula. Quem precisa de teste é ele. Eu quero saber, se uma filha dele fosse estuprada, como ele iria se comportar", salientou.
O presidente também reiterou que, pessoalmente, é "contra o aborto" - posição criticada em alas da esquerda -, mas disse que o tema deve ser tratado como "questão de saúde pública".
Atualmente, a interrupção voluntária da gravidez é permitida no Brasil apenas em casos de estupro, anencefalia fetal ou de risco à vida da mulher, sem limite de tempo de gestação. (ANSA)
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