(ANSA) - Por Patrizia Antonini – Nada de recuo de Lula. O presidente progressista brasileiro não pedirá desculpas ao governo de direita de Netanyahu. O país sul-americano chega assim, em plena crise diplomática, ao primeiro compromisso de destaque de sua presidência do G20.
Uma tormenta instaurada depois das declarações de Lula, que comparou o que acontece na Faixa de Gaza ao Holocausto de Hitler, e que agora arrisca obscurecer a reunião dos chefes das diplomacias dos 19 Estados e dois blocos econômicos mais ricos da Terra.
Um fórum organizado para amanhã (21) e quinta-feira (22) no Rio de Janeiro, com a cidade blindada para a ocasião, com um efetivo massivo de militares, agentes de polícia, e vigilada por milhares de câmeras.
A escalada da crise diplomática nas últimas horas no Planalto, com a convocação do embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, para retornar ao Brasil para consultas; e a convocação do número um da delegação israelense no Brasil, Daniel Zonshine, não promete uma solução rápida.
E Lula, que gostaria de usar o primeiro importante encontro guiado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para lançar uma aliança contra a fome, a pobreza e as desigualdades, se encontra sob ataque – fora e dentro do país – onde se tornou alvo das forças de direita. Com Bolsonaro prometendo uma demonstração de força no domingo (25), no protesto convocado na Avenida Paulista.
Críticas choveram sobre o presidente brasileiro também pela posição (“cínica”, segundo alguns) diante da morte do ativista anti Kremlin Alexei Navalny: “Se é suspeita, precisamos primeiro esperar a investigação para descobrir do que morreu”, comentou. “É uma questão de bom senso”, reagiu.
Também não faltaram perplexidades pelo silêncio de Lula sobre a repressão dos opositores na Venezuela, onde o ministério das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, fez uma visita para encontrar Nicolás Maduro, antes de chegar à capital fluminense.
Algum desenvolvimento da crise entre Brasil e Israel também pode derivar da visita do secretário de Estado americano, Antony Blinken, esperado nesta noite em Brasília e com um encontro marcado com o chefe de Estado brasileiro para amanhã de manhã, antes de chegar aos trabalhos no Rio, onde a questão do Oriente Médio estará na mesa.
Da reunião do G20 participa também o britânico David Cameron, que, depois de ter sido declarado “persona non grata” pelo governador argentino da Terra do Fogo por sua visita (definida como “provocação”) ao arquipélago composto pelas Falkland/Malvinas, promete lutar na guerra na Ucrânia.
Um compromisso, o de amanhã no Rio, onde pela primeira vez Lavrov cruzará com os diversos olhares de condenação pela morte de Navalny.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA