(ANSA) - O deputado italiano Emanuele Pozzolo, do partido Irmãos da Itália (FdI) da premiê Giorgia Meloni, é o único investigado do processo aberto no Ministério Público de Biella pelo episódio da noite de Réveillon em que sua arma disparou e atingiu um homem em uma festa.
A partir dos depoimentos ouvidos pelos carabineiros não foram verificadas evidências de que outras pessoas estivessem manejando a pistola.
Incialmente, Pozzolo recorreu à imunidade parlamentar para se recusar a fazer um teste preliminar para verificar se apresentava vestígios de pólvora.
No entanto, mais tarde, o deputado mudou de ideia e permitiu a análise nas mãos e nas roupas, cujos resultados devem ser divulgados nos próximos dias.
O incidente teria ocorrido depois da 1h30 da manhã (horário local) dentro das instalações do centro de informações turísticas do Pro Loco alugado pela prefeita Francesca Delmastro para sediar a festa de Réveillon, com a presença de seu irmão Andrea Delmastro, subsecretário de Justiça, e sua família, os homens da escolta e outros amigos.
No momento do disparo, o deputado estaria mostrando a arma aos presentes.
O tiro causou ferimentos leves na perna do homem. Logo após, a vítima foi hospitalizada, mas logo recebeu alta médica e caminha com o auxílio de muletas.
Luca Campana, de 31 anos, é genro do líder da escolta de Andrea Delmastro.
Os familiares dele disseram: “Ele só quer esquecer e deixar essa desventura para trás. Ele está melhor, mas abalado pelo que aconteceu”.
Ele ainda sente dores nas pernas, mas quer voltar ao trabalho como eletricista, em uma empresa de sistemas de alarme e videomonitoramento, onde inclusive foi escolhido recentemente como funcionário do ano.
“Ele se assustou muito. Felizmente se feriu de modo leve”, acrescentaram os familiares.
Já o advogado de Campana, Marco Romanello, disse que a defesa ainda avalia se ele vai denunciar o caso: “Temos um prazo de 60 dias. Vamos decidir juntos o que fazer, quando ele melhorar. Ele ainda está em choque com o que aconteceu”.
A prefeitura de Biella abriu um procedimento para confiscar outras seis armas de Emanuele Pozzolo.
A retirada não será imediata: o parlamentar terá um prazo de uma semana para apresentar os artefatos voluntariamente.
Segundo fontes, a premiê da Itália, Giorgia Meloni, teria se irritado com a notícia envolvendo seu correligionário, mas deverá adotar o posicionamento de que o governo não tem relação com o caso, que estaria sendo instrumentalizado pela oposição.
Ela deve reforçar que o nível de responsabilidade do político ainda será esclarecido, e que o partido tomará providências, mas que o caso policial não tem relevância política.
A oposição imediatamente se posicionou contra Pozzolo e Meloni. “Ela acha que pode nos convencer de que teve azar e chorar porque não tem um time à altura. Vamos falar sério. Quem está no entorno da premiê é escolhido por ela. Se Giorgia fosse uma estadista, mandaria embora imediatamente”, disse o ex-premiê e líder do partido Itália Viva (IV) Matteo Renzi.
A líder da Aliança Verdes e Esquerda (AVS) na Câmara, Luana Zanella, disse: “Estamos diante de um caso grave. É perturbador que um deputado circule armado, não se sabe por quais motivos, e use uma pistola como brinquedo”.
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