A Argentina segue entregando surpresas, e o ministro da Economia e candidato governista a presidente, Sergio Massa (Unidos pela Pátria), apesar da crise econômica, da inflação brutal e da disparada do dólar, foi o mais votado no primeiro turno das eleições e enfrentará o ultraliberal Javier Milei (A Liberdade Avança) no dia 19 de novembro.
Massa obteve 36,7% dos votos, seguido por Milei, com 30%, enquanto a conservadora Patricia Bullrich (Juntos pela Mudança) foi a grande perdedora da noite, com 23,8%, com 98,5% das urnas apuradas.
O ministro da Economia, no meio de um salão repleto de euforia, prometeu um "governo de unidade nacional", admitiu a existência de problemas, mas sublinhou que "a Argentina não é um país de merda, como dizem alguns, mas um grande país". Em seu discurso, garantiu que o seu governo vai "abrir uma nova etapa institucional" na política, com "mais desenvolvimento no Norte e na Patagônia, mais inclusão e o aumento das exportações com valor agregado".
Em contraposição, Milei, que comemorou seu aniversário de 53 anos no domingo, disse ter conseguido um "feito histórico" e clamou por união para combater o kirchnerismo, que "é a pior coisa da Argentina". Além disso, garantiu que não quer "tirar direitos", mas sim "acabar com privilégios" da "casta corrupta".
A tensa noite eleitoral, embora com uma tendência sólida que começou a ficar evidente uma hora e meia após o fechamento das urnas, mostrou um fraco desempenho de Bullrich, da coalizão que Mauricio Macri começou a montar em 2005 e que o levou ao poder, mas que agora parece estar à beira da implosão.
O peronismo progressista, que governou por 16 dos últimos 20 anos - com um parêntesis de Macri entre 2015 e 2019 -, ressuscitou das cinzas mais uma vez e ainda está na briga.
A ascensão vigorosa do histriônico Milei, que surpreendeu nas primárias de agosto e até ameaçou vencer no primeiro turno, perdeu força graças aos resultados do peronismo em seu bastião histórico, a província de Buenos Aires, com 13 milhões de eleitores, 37,04% do eleitorado nacional.
Axel Kicillof, do núcleo duro do kirchnerismo, foi reeleito governador da província, com 44,9% dos votos, derrotando confortavelmente o conservador Néstor Grindetti (JxC), com 26,6%, e a ultraliberal Carolina Píparo (LLA), com 24,6%.
Em uma noite de sombras, Bullrich apareceu no palco com um sorriso forçado, ladeada por Macri. "Aceitamos a derrota, mas temos uma profunda convicção dos valores que carregamos dentro de nós, da república, da transparência, do combate à corrupção em um país que deve abandonar o populismo se quiser crescer", afirmou a candidata derrotada. (ANSA)
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