(ANSA) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recuou nesta segunda-feira (11) das declarações de que não permitiria a prisão de seu homólogo russo, Vladimir Putin, na cúpula do G20 em 2024, que será no Rio de Janeiro, porém colocou em dúvida a adesão do Brasil ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
A Corte de Haia emitiu um mandado de prisão contra Putin por causa da deportação forçada de crianças ucranianas para a Rússia, ação que impediu sua participação na cúpula dos Brics na África do Sul, em agosto. No sábado, Lula disse a uma TV indiana que o presidente russo poderia viajar ao Rio sem risco de prisão, porém mudou o tom nesta segunda-feira.
"Eu não sei se o tribunal, se a Justiça Brasileira vai prender [Putin]. Isso quem decide é a Justiça, não é o governo e não é o Parlamento. É a Justiça que vai decidir. O Brasil tem um poder Judiciário que funciona perfeitamente bem. Nós temos que ver se vai acontecer alguma coisa no momento que tiver que acontecer", disse o mandatário em Nova Délhi após a cúpula do G20.
No entanto, Lula destacou que vai analisar por que o Brasil assinou o Estatuto de Roma, que instituiu o TPI, tribunal encarregado de julgar pessoas acusadas de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
"Eu quero estudar muito essa questão desse Tribunal Penal porque os Estados Unidos não são signatários dele. A Rússia não é signatária. Então eu quero saber por que o Brasil virou signatário de um tribunal que os Estados Unidos não aceitam. Por que nós somos inferiores e temos que aceitar uma coisa dessas?", afirmou.
Lula ainda disse que o TPI "prejudica" os países emergentes e que espera que o tribunal reveja sua posição sobre Putin. "Eu não estou dizendo que vou sair do tribunal, eu só quero saber por que os Estados Unidos não são signatários, por que a Índia não é signatária, por que a China não é signatária, por que a Rússia não é signatária e por que o Brasil é signatário. Eu quero saber qual é a grandeza que fez o Brasil tomar essa decisão de ser signatário. Me parece que os países do Conselho de Segurança da ONU não são signatários, só os bagrinhos", reforçou. (ANSA)
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