(ANSA) - Investigações da Polícia Federal apontam a suspeita de que o ex-presidente Jair Bolsonaro usou a estrutura do governo federal para desviar presentes oferecidos por autoridades estrangeiras.
Uma operação de busca e apreensão deflagrada nesta sexta-feira (11) teve como objetivo aprofundar a apuração do esquema de desvio e venda dos bens, cujos valores arrecadados eram repassados a Bolsonaro em dinheiro vivo. Entre os alvos da PF estão o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o advogado Frederick Wassef, o assessor Osmar Crivelatti e o próprio Mauro Cid.
Segundo um trecho do inquérito, "os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores".
A PF analisou conversas sobre a entrega de dinheiro vivo ao ex-presidente obtidas no celular de Cid. Em uma das mensagens, ele fala que "tem US$ 25 mil" com seu pai e era melhor "levar em cash aí".
"Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente, dar abraço nele, né? E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta. Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor, né", diz Cid no áudio.
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, afirma ainda que tudo indica que Bolsonaro e sua equipe utilizaram o avião presidencial em 30 de dezembro de 2022 para retirar do país bens de alto valor Além disso, nas investigações, as autoridades encontraram um dos kits de joias recebidos por Bolsonaro do governo saudita em um site de leilões online e verificaram que o número de série de um relógio era o mesmo registrado no acervo privado do então presidente.
"Os dados analisados demonstram o conjunto de itens masculinos da marca Chopard contendo uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário árabe ("masbaha") e um relógio recebido pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, após viagem a Arábia Saudita, em outubro de 2021, após ser desviado, de forma ilegal, do acervo privado do ex-Presidente da República", explica o relatório.
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