(ANSA) - O ministro Benedito Gonçalves, relator do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral, votou na noite desta terça-feira (27) pela inelegibilidade do ex-mandatário pelos próximos oito anos.
Gonçalves foi o primeiro de sete ministros a votar na audiência, que durou cerca de três horas, e optou por salvar o ex-candidato à vice-presidente general Braga Netto.
Durante a sessão, o ministro disse que ficou comprovado abuso de poder político e utilização indevida dos meios de comunicação pela reunião com embaixadores realizada por Bolsonaro, na qual fez duros ataques contra o sistema eleitoral 76 dias antes do pleito presidencial.
Para Gonçalves, o ex-presidente "foi integral e pessoalmente responsável pela concepção intelectual do evento" com diplomatas.
"Isso abrange desde a ideia de que a temática se inseria na competência da Presidência da República para conduzir relações exteriores - percepção distinta que externou o ex-chanceler ao conceituar a matéria como um tema interno - até a definição do conteúdo dos slides e a tônica da exposição - que parece ter sido lamentada pelo ex-chefe da Casa Civil", disse.
Além disso, o ministro votou para manter na ação a inclusão da chamada "minuta do golpe" encontrada na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e explicou que a medida já teve o aval da corte, em fevereiro deste ano, justamente por ter relação com o fato em apuração.
"Esses elementos têm correlação estrita a causa de pedir e a gravidade da conduta, isso porque desde a inicial o autor alega que os investigados tinham como estratégia política eleitoral induzir descrédito ao resultado do pleito de 2022", afirmou o ministro, em um trecho da leitura de seu voto de 300 páginas.
Os outros ministros - Floriano de Azevedo, André Ramos Tavares, Cármen Lucia, Nunes Marques e o presidente da corte, Alexandre de Moraes - estão previstos para votar na próxima quinta-feira (29), às 9h (hora local).
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