Antes da política, a televisão era a grande paixão de Silvio Berlusconi, que faleceu nesta segunda-feira (12), aos 86 anos.
As regras e leis mudaram, os formatos foram modificados, esquematizando novos acordos e cenários, e isso teve uma importância decisiva. O "Cavaliere" fez uma extraordinária aventura midiática, que começou nos anos 80 com a estreia pioneira do Canale 5.
Anos emocionantes em que o magnata Berlusconi esteve na primeira fila para decidir castings, planos e aquisições com muita intuição e energia. Tudo começou com suas amizades pessoais, os famosos, como jovens cantores improvisados em navios de cruzeiro e com as qualidades cativantes pelas quais ele era o "número um" na Itália.
Assim, apelou à sua capacidade máxima de persuasão, por exemplo, para convencer o apresentador de televisão ítalo-americano Mike Bongiorno - falecido em 2009 - a deixar o seu sucesso na RAI para embarcar na aventura de uma televisão privada, onde só ele era capaz - e com razão, de acordo com seus resultados - para vislumbrar um futuro enorme.
Era 1978, chamava-se TeleMilano, depois Canale 5, e super Mike, com um salto em excesso no escuro, tornou-se o primeiro "herói" de Berlusconi como empresário da televisão. Este foi o começo histórico.
Todas as testemunhas daqueles primeiros anos, de Carlo Freccero a Giorgio Gori, do fiel Fedele Confalonieri a Antonio Ricci, contam aqueles anos irrepetíveis com a clara sensação de terem feito história na televisão privada da Itália. Depois de Mike veio o Mundialito, torneio do campeonato mundial no Uruguai, em 1980.
Na época, Berlusconi arrebatou os direitos da RAI e a partir desse momento o futebol na televisão nunca mais foi o mesmo. Foi um golpe estratégico.
Berlusconi entrou nas casas italianas exercendo uma grande confiança com os telespectadores. Olhando para trás, era uma espécie de campo de treinamento de comunicação sem o qual ele provavelmente não teria conquistado a confiança de seus eleitores quando decidiu entrar na arena política.
Inicialmente veio o quiz e o impacto do futebol, depois as "estrelas com Corrado" para inaugurar o terreno inexplorado da televisão do meio-dia e as compras e passes de estrelas da TV que nunca haviam sido vistas na Itália.
E outro impacto da telinha foi criado com as novelas. Tanto que uma novela tão obscenamente absurda como "Bella" obrigava o público daqueles anos a ir para casa no início da tarde para não perder o improvável desenvolvimento da história. E ainda hoje está entre os programas mais assistidos do Canale 5.
Graças a Berlusconi, em poucos anos, conceitos e formatos que vinham da televisão americana foram revistos e até postos de lado. E paralelamente às novelas surgiram programas que mudariam os rumos da TV.
Entre eles está o "Colpo grosso", grande sucesso da transmissão televisiva italiana, durante cinco temporadas, de 1987 a 1992, no final da noite da rede Italia 7, onde além de se ter uma comédia de cabaré, bailarinos com minúsculos figurinos, havia uma mistura de sátira e comédia velada que se tornaria a programação diária de outro programa histórico como "Striscia la Notizia", de um incrível gênero investigativo, mas também satírico.
A TV de Berlusconi foi claramente uma lupa nas mudanças de figurino dos anos 80 e seguintes. Ela mostrou a sociedade que a cercava e, ao mesmo tempo em que a refletia, a influenciou por muitos anos. No início de 1994, com sua entrada na política, Berlusconi renunciou a todos os cargos empresariais e a partir desse momento a televisão deixou de ser sua prioridade.
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