(ANSA) - Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Ucrânia, Volodmyr Zelensky, não se reuniram neste domingo (21) às margens da reunião do G7, que estava sendo realizada em Hiroshima, no Japão. Segundo os governos, houve incompatibilidade de agendas.
O líder ucraniano foi questionado se tinha ficado decepcionado por não se reunir com brasileiro e respondeu de maneira irônica, dizendo que "quem ficou decepcionado foi ele".
"Sobre as situações das minhas reuniões, encontrei quase todos os líderes e todos tinham suas agendas. Mas, acho que foi por isso que não pude encontrar com o presidente brasileiro", respondeu em tom mais sério.
Segundo a emissora CNN Brasil, fontes do governo informaram que o convite dos ucranianos para um encontro foi respondido com algumas opções de horários para a tarde de hoje (pelo horário local), mas não havia como conciliar a agenda.
Apesar da reunião bilateral não ter ocorrido, Lula e Zelensky ficaram frente a frente durante uma sessão de trabalhos com vários líderes do G7 chamada de "Em direção a um mundo pacífico, estável e próspero".
Em seu discurso, Lula voltou a pedir por uma reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas, dizendo que os mecanismos atuais "multilaterais para a prevenção e resolução de conflitos não funcionam mais".
"O Conselho encontra-se mais paralisado do que nunca. Membros permanentes continuam a longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão, seja em busca de expansão territorial, seja em busca de mudança de regime", disse em uma clara referência aos governos da Rússia e dos Estados Unidos.
O mandatário brasileiro ainda condenou a questão as armas nucleares, dizendo que elas "não são fonte de segurança, mas instrumento de extermínio em massa que nega nossa humanidade e ameaça a continuidade da vida na Terra".
"Enquanto existirem armas nucleares, sempre haverá a possibilidade de seu uso", pontuou.
O líder ainda afirmou claramente que seu governo condena "a violação da integridade territorial da Ucrânia" e que "ao mesmo tempo, a cada dia que os combates prosseguem, aumentam o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares".
"Tenho repetido quase à exaustão que é preciso falar da paz. Nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo. Precisamos trabalhar para criar o espaço para negociações. Também não podemos perder de vista que os desafios à paz e à segurança que atualmente afligem o mundo vão muito além da Europa. Israelenses e palestinos, armênios e azéris, kossovares e sérvios precisam de paz. Yemenitas, sírios, líbios e sudaneses, todos merecem viver em paz. Esses conflitos deveriam receber o mesmo grau de mobilização internacional", ressaltou.
Ao fim do discurso, Lula ainda ressaltou a paz vivida entre os países da América Latina e o Brasil "há mais de 150 anos".
"A multipolaridade que o Brasil almeja é baseada na primazia do direito internacional e na promoção do multilateralismo. Reeditar a Guerra Fria seria uma insensatez. Dividir o mundo entre Leste e Oeste ou Norte e Sul seria tão anacrônico quanto inócuo. É preciso romper com a lógica de alianças excludentes e de falsos conflitos entre civilizações. É inadiável reforçar a ideia de que a cooperação, que respeite as diferenças, é o caminho correto a seguir", finalizou.
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