O partido do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, pediu que o mandatário renuncie ao cargo, após ter decretado uma lei marcial que durou apenas seis horas e provocou protestos por todo o país.
"O presidente não tomou nenhuma ação pessoal contra funcionários militares que agiram ilegalmente. Além disso, não reconhece que essa lei marcial ilegal seja errada", disse Han Dong-hoon, líder do Partido do Poder Popular, de direita.
A legenda havia se manifestado contra o pedido de impeachment apresentado pela oposição, que detém a maioria no Parlamento, porém o posicionamento de Han nesta sexta-feira (6) pode indicar uma mudança.
A oposição detém 192 dos 300 assentos na Assembleia Nacional, porém são necessários 200 votos para instaurar um processo de impeachment contra Yoon. Ou seja, pelo menos oito parlamentares do Partido do Poder Popular precisariam apoiar a iniciativa.
"Se Yoon continuar a exercer o cargo de presidente, existirá o risco de que ações extremistas similares possam se repetir, colocando a República da Coreia e seus cidadãos em grave perigo", acrescentou o líder da legenda conservadora.
Han também se reuniu com o chefe de Estado nesta sexta, véspera da votação do impeachment no Parlamento. Em caso de aprovação, Yoon será julgado pela Corte Constitucional, mas ficaria suspenso do cargo durante o processo.
A crise foi desencadeada na noite de terça-feira, com a imposição de lei marcial por parte do presidente, com a desculpa de combater uma suposta ameaça de "espiões" da Coreia do Norte.
Em seguida, o Exército determinou o fechamento do Parlamento, a proibição de protestos e a suspensão de atividades partidárias, porém a Assembleia Nacional aprovou por unanimidade a revogação da lei marcial e, diante da resistência política e popular, Yoon teve de recuar e agora arrisca perder o cargo.
A lei marcial pode ser imposta apenas em situações de guerra ou de emergência nacional comparáveis a um conflito armado, e a tentativa de golpe ocorreu na esteira de disputas entre o governo e a oposição sobre a lei orçamentária e de acusações de corrupção envolvendo o entorno do presidente.
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