(ANSA) - A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, disse acreditar na assinatura do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, que é negociado há mais de 20 anos.
Em entrevista à emissora pública TV Brasil, Marina afirmou nesta quarta-feira (9) que o pacto só não foi assinado ainda "porque o governo anterior [de Jair Bolsonaro] abandonou as medidas corretas de combate ao desmatamento".
"Agora eu tenho certeza que vamos conseguir fazer o acordo da União Europeia com o Mercosul, e isso é bom para o agronegócio, para a indústria, para todos nós", declarou a ministra, ressaltando que o desmatamento na Amazônia caiu 42% nos primeiros sete meses de 2023.
Entre os entraves que ainda impedem a conclusão do acordo estão a autorização para empresas da UE participarem de licitações governamentais no Mercosul e vice-versa e o documento adicional sobre meio ambiente apresentado por Bruxelas, que prevê sanções no caso de descumprimento de metas climáticas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já deixou claro que discorda dos dois itens, embora tenha prometido renegociar o acordo até o fim deste ano.
Cúpula da Amazônia
Na mesma entrevista, Marina minimizou o fato de a Declaração de Belém não incluir uma meta conjunta de zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030.
O governo brasileiro já assumiu esse compromisso, mas queria que todos os países da Organização do Tratado da Cooperação Amazônica (Otca) também aderissem ao mesmo prazo, o que não aconteceu.
"O processo de negociação é sempre mediado, ninguém pode impor sua vontade, são consensos progressivos. À medida que temos alguns consensos, a gente vai botando no documento", disse.
Segundo a ministra, todos os membros da Otca concordam que "a Amazônia não pode passar do ponto de não retorno". "Se ultrapassar os 25% de desmatamento, a floresta entra em um processo de savanização", ressaltou.
Na Declaração de Belém, os oito países (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela) estabelecem uma aliança de combate ao desmatamento para evitar que a Amazônia atinja o ponto de não retorno, porém sem fixar prazos. (ANSA)
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