(ANSA) - Os italianos estão cada vez mais pessimistas com a economia, atentos aos boletos e aos preços dos produtos cotidianos, cada vez menos confiantes nas instituições, contrários às comidas sintéticas, mas favoráveis à eutanásia.
Esse é o retrato da ampla pesquisa sobre o país da Eurispes divulgada nesta quarta-feira (24).
E essa negatividade é mais evidente a cada ano após a pandemia de Covid-19.
Traduzindo em números, 53,8% dos italianos consideram que a situação econômica da Itália piorou. Já para o futuro, 31,2% diz que a situação pessoal ficará estável, 30% diz que piorará e apenas 8,5% vê possibilidade de melhora em sua vida.
Só um italiano em cada quatro, cerca de 24,6%, conseguem poupar dinheiro enquanto 38,9% disseram usar suas reservas para conseguir pagar as contas e chegar ao fim do mês - especialmente, quando o assunto é quitar contas de aluguel, boletos em geral e contas básicas.
No último ano, 69,6% dos cidadãos cortaram presentes e 64,6% compraram mais nos períodos de saldões - incluindo 56,2% que adquiriram alimentos com descontos e 64% que mudaram a marca de um produto alimentar para um mais barato. Outros 60,5% disseram que renunciam com mais frequência a fazer refeições fora de casa e 58,6% reduziram despesas para viagens e férias.
Sobre o atual governo, de Giorgia Meloni, que assumiu em outubro do ano passado, 34,3% dizem ter confiança - percentual muito menor daqueles que apoiam o presidente do país, Sergio Mattarella, que tem 52,2% da confiança. Já a magistratura conta com 41% de apoio, o Parlamento tem 30% e os governadores regionais têm 34,8%.
Ainda no âmbito político, 51,9% disseram ser favoráveis a uma eleição direta do premiê do país - atualmente, o Parlamento escolhe o nome que, geralmente, lidera o partido vencedor do pleito. O índice cai para 48,3% quando os italianos foram questionados se gostariam de votar diretamente no presidente da República - que também é eleito pelo Parlamento, mas ao contrário do premiê, é uma pessoa não ligada diretamente a um partido específico.
Sobre as forças de segurança, a que conta com mais confiança é a Guarda de Finanças (55%), seguida pela Polícia de Estado (52,8%) e pela Arma dos Carabineiros (52,7%). No âmbito militar, seis em cada 10 confiam no Exército, perfil semelhante nas demais forças.
Os bombeiros têm 77,8% dos consensos, seguido pela Defesa Civil, com 69,9% e do sistema sanitário nacional (55,8%). A igreja tem a confiança de 50,4%.
Praticamente sete em cada 10 italianos (67,9%) dizem ser favoráveis à eutanásia e, 68,8% apoiam o testamento biológico.
Já 50% dos entrevistados apoiam a possibilidade de recorrer a um suicídio assistido, número muito superior ao registrado em 2019, que era de 39,4%.
Sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, 59,2% disseram que aprovam, enquanto 39,5% disseram concordar com a possibilidade de "barriga de aluguel". A liberação de drogas leves é apoiada por 47,9% dos cidadãos e a legalização da prostituição é apoiada por 45,7%.
Sobre as comidas sintéticas, alvo de um decreto recente do governo proibindo o consumo e a venda, um em cada quatro italianos disseram que provariam, cerca de 25%. Já sobre os insetos, 82,5% declararam ser pouco ou nada propensos a experimentar. Quando é a farinha ou produtos derivados de insetos, 76,7% disseram que não testariam.
Outro dado ainda mostra que 4,2% dos italianos se declaram vegetarianos, 2,4% veganos e 30% disseram comprar produtos sem lactose, incluindo quem não tem alergia ou intolerância (18,3%).
Subiu ainda o aumento de pessoas que não consomem glúten: 21,1% em 2023 contra 19,3% em 2019, sendo que 12,1% disseram não ter problemas de saúde que impeçam o consumo.
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