Em visita a São Paulo, o prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro, disse que os brasileiros são "hóspedes ilustres" e os convidou a explorar uma das joias turísticas da Itália além das atrações tradicionais.
Brugnaro falou à ANSA à margem de um fórum de negócios promovido pelo Consulado-Geral italiano na capital paulista, a menos de 20 dias do início do período de testes da taxa de cinco euros (R$ 27) contra adeptos do "bate e volta", medida pensada para combater o turismo predatório, mas que é alvo de críticas no município.
"Os brasileiros são hóspedes ilustres, há muitas pessoas de origem italiana que vão à Itália para retornar às suas raízes, visitam os vilarejos de seus avós e depois passam em Veneza", disse o prefeito, que governa a cidade desde 2015.
O município dos canais é a capital do Vêneto, região de onde partiu boa parte dos imigrantes italianos destinados ao Brasil entre os séculos 19 e 20, o que hoje serve de motor para um turismo de raízes no sentido inverso.
"Os brasileiros podem vir a Veneza não apenas para conhecer a cidade, mas para ver a Bienal, os museus cívicos, um concerto no [teatro] La Fenice, temos excelências de nível mundial. Saibam os brasileiros que são absolutamente bem aceitos e podem dar um passo a mais, de familiaridade maior. Nós os consideramos nossos irmãos", acrescentou.
Segundo Brugnaro, o Brasil costumava ser retratado nas bienais de arte e arquitetura de Veneza de forma "um pouco antiga, datada, com estereótipos". "Mas interviemos e agora se fala de arte contemporânea. Os brasileiros podem usar Veneza como um palco para falar ao mundo inteiro", destacou.
A Bienal de Arte da cidade começa no próximo dia 20 de abril e, pela primeira vez, tem um brasileiro como curador: Adriano Pedrosa, que prometeu colocar os estrangeiros no foco do evento.
Contribuição de acesso
Em 25 de abril, Veneza começará o período de testes da contribuição de acesso de cinco euros para viajantes que não pernoitam no centro histórico da cidade, que há anos sofre com os efeitos do turismo de massa.
A experiência englobará 29 dias não sequenciais até julho, sobretudo em fins de semana.
"Já faz 50 anos que todos falam de turismo em excesso, e ninguém nunca fez nada. Na vida, é preciso ter coragem de fazer alguma coisa, de assumir a responsabilidade. Acho que vai funcionar, mas é preciso que as pessoas entendam o motivo", disse Brugnaro, que minimizou os protestos contra a iniciativa.
"Ao invés de polemizar, deixamos espaço à democracia. Fizemos o Mose [sistema de barreiras móveis contra inundações], tiramos os grandes navios de San Marco, limpamos os canais, é uma cidade que vive um novo renascimento", salientou o prefeito. Manifestantes já protestaram contra a taxa de acesso na última terça-feira (9) e prometem um novo ato em 25 de abril.
Segundo Brugnaro, a taxa contra o "bate e volta" gerará mais custos do que receitas no período de testes, mas a ideia é tentar aliviar o peso do turismo de massa na cidade. "Depois dos 29 dias de testes, conseguiremos entender se vale a pena continuar e quais modificações fazer", complementou. (ANSA)
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