(ANSA) - As colossais ruínas romanas das Termas de Caracalla, na Itália, consideradas uma das maiores e mais luxuosas construções do Império, passaram por uma remodelação de arquitetura contemporânea, voltando a ganhar água após 1,5 mil anos.
Reinaugurada nesta sexta-feira (5), na enorme estrutura reflete-se água de uma enorme banheira minimalista. Jatos altos evocam as antigas fontes que lá havia, nuvens de vapor emergem em intervalos cobrindo as altas paredes, e a cena permite imaginar como era o espaço em seu auge, há 1,8 mil anos.
Na época, os ambientes brilhantes de mármores de todas as cores, cheios de estátuas, livros e jardins perfumados, eram um coração pulsante da Roma imperial, um lugar para cuidar do corpo, do espírito, da mente e dos negócios.
A reforma pretende revolucionar a experiência de visitar o sítio arqueológico. Como explicou a diretora do local, Mirella Serlorenzi, a proposta é um retorno ao século 5, quando as grandes termas imperiais foram abandonadas até a sua decadência, e, assim, ajudar os visitantes de hoje a redescobrir a essência dos lugares daquela época.
"Com este espetacular espelho, a superintendência pretende iniciar um processo de renovação e abertura para a cidade em um dos sítios arqueológicos mais importantes da capital", destacou a superintendente especial de Roma, Daniela Porro.
"Uma intervenção de arquitetura contemporânea que harmoniza com a antiga, para consolidar o papel das Termas de Caracalla como centro promotor da cultura e da arte. O retorno da água não é apenas uma maravilha como um fim em si mesma, uma alegria para os olhos e para o espírito, mas quer ser um símbolo concreto de reconexão com o antigo", acrescentou.
Hannes Peer e Paolo Bornello, os arquitetos responsáveis pela ideia, explicaram que o novo espelho d'água, com seus mil metros quadrados, pretende oferecer aos visitantes "uma experiência atraente e imersiva".
Com um custo de 500 mil euros (R$ 2,7 milhões) e construído com fundos da Superintendência Especial, o lago sobre o qual se apoia levemente um palco de espetáculos será, na verdade, apenas o primeiro passo de um plano destinado a restaurar a percepção desses lugares como eram na antiguidade.
"A área verde se tornará um jardim botânico com arquitetura efêmera e essências fragrantes, um lugar onde se poderá caminhar e meditar como então, também traremos aqui as borboletas e as abelhas", antecipou Serlorenzi.
Com um financiamento inicial de 8 milhões de euros (R$ 43,9 milhões) provenientes do Plano Nacional de Recuperação e Resiliência (Pnrr), da Superintendência e do Ministério da Cultura, o projeto inclui entre seus primeiros passos a reabertura da antiga entrada da Via di Caracalla, a que os antigos romanos utilizavam há dois mil anos, com uma nova bilheteria e duas áreas verdes abertas para a cidade.
O plano é que, no futuro, as estruturas sejam abertas ao público.
A inauguração oficial será no próximo dia 13 de abril, com uma apresentação do corpo de dança Aterballetto, uma exposição fotográfica e uma série de encontros sobre o tema do mito grego de Narciso – não por acaso, o personagem belo e vaidoso que morreu admirando o próprio reflexo em um espelho d’água.
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