O Vaticano excomungou o arcebispo italiano Carlo Maria Viganò, desafeto do papa Francisco, expoente do clero ultraconservador e acusado de tentar provocar um cisma na Igreja Católica.
A medida foi anunciada nesta sexta-feira (5) pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, órgão mais poderoso da Santa Sé em matéria de teologia e herdeiro da Santa Inquisição, após um processo extrajudicial contra Viganò.
"São conhecidas suas afirmações públicas, das quais resulta a recusa em reconhecer e se submeter ao Sumo Pontífice, à comunhão com os membros da Igreja e à autoridade do Concílio Vaticano II", diz um comunicado oficial.
"Carlo Maria Viganò foi reconhecido como culpado do delito de cisma, e o dicastério declarou sua excomunhão", acrescenta a nota. Em publicação nas redes sociais, o ex-prelado limitou-se a alegar que a sentença "confirma a fé católica" que ele professa "integralmente". "Aos meus irmãos, digo: 'Se vocês se calarem, gritarão as pedras'", ressaltou ele, citando uma passagem do Evangelho de São Lucas.
O italiano havia sido intimado a comparecer no Dicastério para a Doutrina da Fé no último dia 28 de junho, mas se recusou a dar explicações, definindo o processo como uma "farsa" encampada por aqueles que ele acusa de "heresia, traição e abuso de poder".
"A Igreja de Bergoglio não é a Igreja Católica. Se é por essa Igreja que sou acusado de cisma, então é um motivo de honra", afirmou Viganò no mês passado.
Recentemente, ele acusou Francisco de ser um "usurpador" e "servo de Satanás" por causa da permissão para bênçãos a casais homoafetivos. Além disso, já foi repreendido pelo Vaticano por espalhar notícias falsas sobre a pandemia de Covid-19.
Apelidado de "exterminador de papas", Viganò trabalhou mais de 10 anos na Cúria Romana e foi afastado da secretaria do Governatorato da cidade-Estado do Vaticano em 2011, após cultivar desavenças na Igreja. Também é um dos pivôs do escândalo "Vatileaks", que vazou documentos sigilosos do pontificado de Bento XVI e culminaria na renúncia de Joseph Ratzinger, em 2013.
Em 2016, o italiano foi removido por Francisco da Nunciatura Apostólica em Washington e forçado a se aposentar.
Em seus anos nos Estados Unidos, Viganò estreitou laços com o clero ultraconservador americano, que, no entanto, não o defendeu publicamente da acusação de cisma. (ANSA)
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