Declarações da ativista iemenita Tawakkol Karman, vencedora do Nobel da Paz em 2011, podem abrir um incidente diplomático entre Israel e a Santa Sé. A também política e jornalista fez um discurso no Encontro Mundial sobre a Fraternidade Humana, realizado entre a última sexta-feira e o último sábado (10 e 11) no Vaticano, e foi acusada de antissemitismo.
A embaixada israelense no Vaticano se declarou "indignada e abalada" após ter sido informada de que na noite de sábado, no encerramento do evento na Basílica de São Pedro, o local foi "contaminado por um flagrante discurso antissemita" e foi permitido que "se desse um discurso de propaganda cheio de mentiras".
Em sua fala, Karman afirmou que está ocorrendo "limpeza étnica" e "genocídio" na Faixa de Gaza por parte de Israel: "É preciso levar os Estados Unidos de volta à parte certa da história e impedi-los de vender armas a regimes ou ocupações que matam mulheres e crianças. Não deveriam estabelecer alianças com ditadores ou culpados de ocupações".
A representação diplomática israelense disse ainda, em nota, que "falar em limpeza étnica em Gaza enquanto Israel permite cotidianamente que grandes quantidades de ajudas humanitárias entrem em Gaza é 'orwelliano'". A palavra, em referência ao escritor britânico conhecido pelo pseudônimo George Orwell, faz referência a propaganda e desinformação.
"Lamentamos, ainda, que um discurso como esse tenha sido pronunciado sem que ninguém sentisse o dever moral de intervir para interromper essa vergonha. Esse episódio é o enésimo sinal do quanto o antissemitismo e o preconceito contra judeus estão ainda muito vivos", acrescentou Israel. O Vaticano não se manifestou.
À ANSA, o embaixador israelense no Vaticano, Raphael Schutz, disse acreditar que o episódio influenciará as relações bilaterais: "A vergonhosa declaração não foi feita pelo Vaticano. Mas espero que o Vaticano faça um esforço para evitar que suas boas intenções e sua hospitalidade não sejam abusadas por outros, como ocorreu nesse caso".
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