(ANSA) - Após o arcebispo italiano Carlo Maria Viganò, mais um expoente do clero ultraconservador criticou o papa Francisco por ter autorizado bênçãos a casais homoafetivos, desde que essa prática não tenha aspectos ritualísticos nem seja confundida com o sacramento do matrimônio.
Agora foi a vez do cardeal alemão Gerhard Ludwig Muller, que, em entrevista à imprensa italiana, disse que abençoar um casal formado por pessoas do mesmo sexo é uma "blasfêmia".
"Digo isso não com base na minha autoridade oficial ou pessoal, mas com base na autoridade da revelação divina. Nós correspondemos à 'verdade de Deus', em obediência aos mandamentos, e agir voluntariamente contra isso é um pecado grave", declarou o prelado, que há anos adota uma postura crítica a Francisco.
Muller também foi prefeito da poderosa Congregação para a Doutrina da Fé, herdeira da Santa Inquisição e autora do documento histórico sobre bênçãos a casais homoafetivos, entre 2012 e 2017.
"Se as relações sexuais fora do casamento contradizem a vontade de Deus, então elas não podem ser abençoadas, ou seja, ser declaradas boas segundo a vontade do criador", ressaltou o cardeal.
Além disso, acusou os bispos que apoiam a mudança de "traírem a verdade católica". Um dia antes, o arcebispo Viganò, ex-núncio em Washington e pivô do escândalo "Vatileaks", havia afirmado que o Papa é um "servo de Satanás" por conta de suas aberturas a homossexuais.
As declarações se inserem no descontentamento mais amplo de conservadores com o pontificado progressista de Francisco, também criticado por permitir a comunhão a divorciados. (ANSA)
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