(ANSA) - O papa Francisco reafirmou nesta terça-feira (3) que a possibilidade de pessoas divorciadas e em uma nova união comungarem, mesmo sem se abster de relações sexuais, é um "autêntico magistério".
A declaração foi dada em resposta a questionamentos feitos pelo arcebispo emérito de Praga, cardeal Dominik Duka, sobre o acesso aos sacramentos de divorciados em nova união.
O texto destaca que a exortação apostólica "Amoris Laetitia", divulgada há sete anos e meio, "abre a possibilidade de acesso aos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia quando, em um caso particular, há limitações que atenuam a responsabilidade e a culpa".
As perguntas foram apresentadas no dia 13 de julho pelo arcebispo emérito de Praga, enquanto que a resposta foi publicada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, presidido pelo cardeal argentino Victor Manuel Fernández.
Segundo o documento, o acompanhamento pastoral a divorciados não deve se limitar aos sacramentos, mas englobar também uma "maior presença na comunidade, participação em grupos de oração ou reflexão e envolvimento em vários serviços eclesiais".
"Nada mais é do que um convite a percorrer o caminho de Jesus: de misericórdia e integração", diz o Papa na resposta.
Por outro lado, Francisco afirma que "divorciados recasados deveriam perguntar-se como comportaram com os filhos quando a união conjugal entrou em crise; se houve tentativas de reconciliação; quais as consequências que a nova relação tem para o resto da família; que exemplo oferece aos jovens que devem preparar-se para o matrimônio".
"A reflexão sincera pode fortalecer a confiança na misericórdia de Deus, que não é negada a ninguém", ressalta Bergoglio.
O texto evita falar se a vida sexual do casal formado por pelo menos um católico divorciado deve ser mencionada "no sacramento da reconciliação", mas destaca que deve ser "sujeita a um exame de consciência para confirmar que é uma verdadeira expressão de amor".
A dúvida chega às vésperas do Sínodo dos Bispos, que discutirá temas ligados à doutrina católica, e em meio às insatisfações das alas mais conservadoras do clero com a postura progressista de Francisco. Recentemente, um grupo de cardeais hostis ao Papa o questionou abertamente sobre bênçãos a casais homoafetivos e reclamou da resposta de Bergoglio, que deixou aberta essa possibilidade, desde que esses atos não sejam confundidos com o casamento.
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