(ANSA) - O promotor de Justiça do Vaticano, Alessandro Diddi, disse nesta terça-feira (25) que o cardeal Angelo Becciu, investigado em dois escândalos financeiros no Vaticano, "sempre tentou deslegitimar" as autoridades da Santa Sé.
A declaração foi dada no penúltimo dia dedicado à acusação no julgamento no qual Becciu é réu por suposto suborno e negligência na administração do dinheiro do Óbolo de São Pedro, órgão de caridade da Igreja Católica, para a compra de um prédio de alto luxo em Londres.
Na época, o cardeal era o "número 2" da poderosa Secretaria de Estado do Vaticano. Becciu é o primeiro funcionário da Santa Sé de mais alto escalão a ser julgado por crimes financeiros.
Enquanto o processo corria, outro caso veio à tona, por um suposto desvio de verba da Cooperativa Spes - braço operacional na cidade italiana de Ozieri da ONG Católica Cáritas - para parentes e amigos. As duas ações foram unidas neste julgamento no Vaticano.
"A estratégia do cardeal Angelo Becciu é que ele deve interferir na investigação, não interagir com os magistrados. Este tem sido seu 'modus operandi', sempre, desde o início até hoje", disse Diddi ao tribunal.
Diddi explicou ainda que "por parte de Becciu houve obstinação em usar a alavanca midiática como uma espécie de clube para deslegitimar a figura e o trabalho do promotor de justiça". "Os magistrados continuam sendo o principal objetivo da estratégia defensiva do cardeal Becciu", enfatizou ele, que apresentará seu pedido de condenação na próxima quarta-feira (26).
O promotor do Vaticano recordou que o religioso disse que o escritório "é composto de fedorentos e porcos" e "nunca houve um ato de arrependimento por parte do cardeal sobre esses julgamentos".
"Estou triste pelo nível a que o cardeal conseguiu rebaixar este processo, sem o menor gesto de lealdade para conosco", acrescentou Diddi, enfatizando que Becciu "utilizou esta estratégia de demolição contra todos os que se atreveram a ir contra ele".
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