(ANSA) - A premiê da Itália, Giorgia Meloni, e o papa Francisco se uniram nesta sexta-feira (12) para defender a adoção de políticas de incentivo à natalidade, em meio a uma tendência de esvaziamento que arrisca fazer o país perder 20% de sua população nos próximos 50 anos.
"O nascimento de filhos é o principal indicador para medir a esperança de um povo. Se nascem poucos, quer dizer que há pouca esperança. E isso não tem efeitos apenas do ponto de vista econômico e social, mas mina a confiança no porvir", disse o pontífice no evento Estados Gerais da Natalidade, em Roma.
A Itália vem batendo seguidos recordes negativos de natalidade e registrou apenas 393 mil nascimentos em 2022, pela primeira vez abaixo dos 400 mil em um ano. "É um dado que gera uma grande preocupação com o amanhã. Colocar um filho no mundo é percebido como um feito a cargo das famílias, e isso, infelizmente, condiciona a mentalidade das jovens gerações", afirmou o Papa.
Francisco citou a dificuldade de encontrar e manter um trabalho estável, aluguéis "nas estrelas" e salários insuficientes. Além disso, deixou claro que o incentivo à natalidade não deve se contrapor ao acolhimento a migrantes e refugiados, na esteira da declaração do ministro da Agricultura, Francesco Lollobrigida, pedindo a "proteção" de uma "etnia italiana".
"São duas faces da mesma moeda, nos revelam quanta felicidade existe na sociedade. Uma comunidade feliz desenvolve naturalmente os desejos de gerar e de integrar, de acolher, enquanto uma sociedade infeliz se reduz a uma soma de indivíduos que tentam defender a todo custo aquilo que têm", disse.
Meloni, por sua vez, prometeu agir para "vencer o inverno demográfico" com "os olhos da realidade", e não com "a camisa de força da ideologia". "Vivemos em uma época na qual falar de natalidade, maternidade, família, é cada vez mais difícil, parece um ato revolucionário", destacou a premiê.
Segundo ela, as mulheres só terão liberdade quando conseguirem "realizar o desejo da maternidade sem renunciar à carreira". "Queremos viver em uma nação na qual ser pais não seja fora de moda. Queremos que não seja mais escandaloso dizer que todos nascemos de um homem e uma mulher, que não seja um tabu dizer que a natalidade não está à venda", declarou.
Uma projeção recente do Instituto Nacional de Estatística (Istat) apontou que a Itália pode perder 11,5 milhões de habitantes até 2070, o que significaria uma redução populacional de cerca de 20% em meio século. (ANSA)
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