(ANSA) - Durante a tradicional conversa com jornalistas no avião papal, o papa Francisco foi questionado sobre as divisões entre progressistas e conservadores na Igreja Católica, que tendem a aumentar após a morte do papa emérito Bento XVI.
"Algumas histórias estão sendo faladas, e dizem que Bento estava entristecido por isso ou por aquilo. Acredito que a morte de Bento foi instrumentalizada por gente que quer levar água para o próprio moinho. Gente que instrumentaliza uma pessoa tão brava, tão de Deus, diria um Santo Padre, um pai para a Igreja [...] não tem ética, é gente de algum partido e não da Igreja", afirmou.
Ainda conforme Francisco, se há pessoas querem usar questões teológicas para fazer partidos, "eu deixo passar porque essas coisas caem sozinha". "E algumas não vão cair e andaremos adiante, como sempre aconteceu na história da Igreja".
"Eu quero dizer claramente que o papa Bento XVI não era um amargurado. Eu pude falar de tudo com o papa Bento e até mudar de opinião e ele sempre esteve ao meu lado, me apoiou. E, se estava com alguma dificuldade, ele me dizia, ele falava, não tínhamos problemas", acrescentou.
Revelando uma das conversas, Bergoglio disse que uma vez falou "sobre o casamento das pessoas homossexuais, que o matrimônio é um sacramento e que nós não podemos fazer um sacramento, mas que há uma alternativa", ou seja, que eles sejam tutelados na questão dos bens ou aposentadorias, com "as leis civis" de cada país.
Uma pessoa, que se acredita ser um grande teólogo, também um amigo do papa Bento, foi até ele e fez uma denúncia contra mim. Bento não se assustou, chamou quatro cardeais teólogos de primeiro nível e disse 'me expliquem isso'. E eles explicaram e a história acabou. É uma anedota para vocês verem como Bento se mexia quando tinha uma denúncia", explicou.
Desde a morte de Joseph Ratzinger, ocorrida no dia 31 de dezembro do ano passado, rumores de que a ala conservadora atacaria mais Francisco começaram a surgir. O secretário particular do falecido líder religioso, arcebispo Georg Ganswein, contribuiu com a "crise" ao falar de supostas amarguras do alemão com as decisões do argentino.
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