A emoção do papa Francisco durante a celebração da Imaculada Conceição, no último dia 8, ao rezar pela Ucrânia "impressionou" o governo de Kiev, revelou o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, neste sábado (10).
"Essa compaixão significa muito para nós e atingiu em cheio o coração dos ucranianos porque vimos que a sua reação foi sincera e profunda", disse Kuleba em uma coletiva com jornalistas após uma missão organizada na Embaixada ucraniana na Santa Sé.
Durante a oração tradicional na Piazza di Spagna, em Roma, o líder católico precisou parar por alguns momentos a sua fala pedindo por paz na Ucrânia porque ficou visivelmente emocionado e a voz falhava.
O chanceler ainda afirmou que "obviamente, não vemos a hora em que o Papa venha nos visitar" e ressaltou que sua visita "seria bem acolhida por um grupo muito, muito mais amplo da sociedade e não apenas pelos pertencentes à Igreja Católica".
No entanto, Kuleba descartou que esse seja o momento para ter tratativas de paz com a Rússia, mas se disse favorável a uma intermediação do Vaticano no caso - assim como foi oferecida pela França, pelos Estados Unidos e pelo próprio pontífice.
"A triste verdade é que não chegou ainda o momento para a mediação e a razão para isso é o presidente [russo, Vladimir] Putin. Se você quer a paz, você não lança mísseis todas as semanas para destruir as nossas infraestruturas, não manda continuamente militares para capturar nossas cidades, não anexa territórios que são dos outros. Chegará o momento da mediação e, se a Santa Sé quiser participar, será muito bem-vinda", pontuou.
Para o chanceler, porém, a postura do Vaticano não pode ser "neutra".
"A Santa Sé ou qualquer outro Estado não devem dizer que se ajudam com alguma coisa, devem também ser neutros para não afugentar os russos. Não aceitamos isso. Lembremos sempre que a Rússia é o agressor e a Ucrânia é a vítima. Não podemos ser colocados no mesmo nível porque se não se cria uma imagem errada, como se ambos fossem responsáveis pela guerra", pontuou ainda destacando que os dois países "não são mais irmãos, mas sim como Caim e Abel".
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA