O papa Francisco reconheceu que o acordo com a China para a nomeação de bispos não é ideal, porém disse desejar que o documento seja renovado.
Mantido sob sigilo, o tratado está em vigor desde 2018, mas vence no próximo mês de outubro, e Pequim e a Santa Sé conversam para estendê-lo.
"O acordo está caminhando bem, e eu espero que possa ser renovado em outubro", disse o líder da Igreja Católica em entrevista à agência Reuters.
Os termos exatos do documento permanecem em segredo, mas sabe-se que ele permitiu ao Vaticano recuperar papel ativo na nomeação de bispos chineses, que até então eram escolhidos à revelia do Papa.
Os dois países romperam relações diplomáticas em 1951, quando a Santa Sé reconheceu a independência de Taiwan, que ainda é visto por Pequim como uma "província rebelde".
Durante décadas, católicos chineses viveram divididos entre uma conferência de bispos escolhida pelo Partido Comunista e um braço da Igreja Apostólica Romana que atuava na clandestinidade.
Até o momento, o pacto já levou à aprovação de seis ordenações episcopais em comum acordo entre Pequim e o Vaticano, mas ele é alvo de críticas por não dar à Igreja Católica a mesma autonomia que ela possui em outros países.
"Diplomacia é assim. Quando você encara um impasse, você tem de encontrar um caminho possível, e não um caminho ideal, para sair disso", acrescentou Francisco à Reuters.
Segundo o pontífice, a lentidão no processo de nomeação de bispos no país mais populoso do mundo acontece "porque os chineses têm aquela sensação de tempo de que ninguém pode apressá-los".
Em maio passado, um influente cardeal católico de Hong Kong, Joseph Zen, crítico do acordo Vaticano-China, chegou a ser preso por conta de seu apoio a movimentos pró-democracia no território.
Segundo Zen, o tratado entre a Santa Sé e Pequim ignora as violações de direitos humanos praticadas pelo governo chinês. (ANSA)
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