O Vaticano divulgou nesta quinta-feira (23) o roteiro oficial da viagem apostólica do papa Francisco ao Canadá, entre 24 e 30 de julho.
A programação da visita chega poucos dias depois de o pontífice ter adiado uma viagem à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul, prevista para o início do mês que vem, devido às fortes dores em seu joelho direito.
Na ocasião, o Vaticano também chegou a divulgar o itinerário oficial da visita à África, mas adiou a viagem duas semanas depois por causa do problema de saúde que obrigou o Papa a usar uma cadeira de rodas para se locomover.
De acordo com o roteiro revelado nesta quinta, Francisco chega em Edmonton, na província canadense de Alberta, em 24 de julho.
No dia seguinte, ele vai à comunidade de Maskwacis, onde se reúne com representantes indígenas das Primeiras Nações (do inglês "First Nations", como são chamadas as tribos nativas do Canadá), e dos povos métis e inuit.
Já em 26 de julho, o líder católico celebra uma missa em um estádio de Edmonton e participa de uma peregrinação no Lago Sainte Anne pelo Dia de Santa Ana. No dia 27, o pontífice parte para Québec, capital da região de língua francesa do Canadá, e se reúne com autoridades políticas, civis, indígenas e diplomáticas.
Em 28 de julho, Francisco celebra uma missa no Santuário Nacional de Sainte-Anne-de-Beaupré e depois participa das Vésperas com bispos, padres e outros representantes católicos.
Em 29 de julho, o Papa faz uma reunião privada com membros da Companhia de Jesus e se encontra com uma delegação de indígenas presentes no Québec.
Na parte da tarde, Bergoglio vai a Iqaluit, capital e único município do território de Nunavut, maior região do país em extensão geográfica e também a mais setentrional, com boa parte de sua área situada dentro do Circulo Polar Ártico.
A população de Iqaluit é formada majoritariamente por inuits (56%), esquimós que habitam regiões árticas. Na cidade, Francisco se reúne de forma privada com ex-alunos de antigos internatos católicos e depois participa de um encontro com jovens e idosos.
Esse será o último compromisso do Papa, que parte para Roma às 18h45 (horário local).
Abusos
A viagem apostólica acontece na esteira da descoberta de valas comuns com centenas de corpos não identificados em antigos internatos administrados pela Igreja Católica no Canadá.
As primeiras covas foram encontradas em maio de 2021, no terreno de uma antiga escola de Kamloops, na província ocidental da Colúmbia Britânica, expondo as feridas nunca curadas da cristianização forçada de povos indígenas canadenses.
Esses internatos tinham como objetivo "educar" os nativos de acordo com os preceitos católicos, mas, para isso, retiravam crianças à força de suas comunidades e as obrigavam a abandonar seus costumes e sua língua. Além disso, os alunos eram vítimas frequentes de abusos sexuais e físicos por parte dos professores.
A Igreja Católica no Canadá pediu perdão em setembro de 2021, após ataques contra paróquias em protesto contra os crimes cometidos nas escolas residenciais, mas Francisco se desculpou apenas em abril deste ano, depois de reuniões com indígenas no Vaticano. (ANSA)
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